A plataforma X e a cultura do cancelamento na participação de Karol Conká no Big Brother Brasil 21

Abstract

RESUMO

Este trabalho, denominado, "A Plataforma X e a Cultura do Cancelamento na Participação de Karol Conká no Big Brother Brasil 21”, se destina a investigar como a cultura do cancelamento se manifestou na rede social X, ao longo da participação da artista Karol Conká no programa Big Brother Brasil 21. Justifica-se a pesquisa a partir da forma como o cancelamento se desdobra no domínio das redes sociais, bem como seus impactos à coletividade, em particular à população negra, que convive, historicamente, no Brasil, com episódios relacionados à violências, como exclusões - social e econômica - e silenciamentos. A metodologia utilizada é de abordagem qualitativa, nos termos da análise de conteúdo conceituada por Laurence Bardin (1977), a partir de seis posts catalogados na plataforma X, entre os dias 1o de fevereiro - data de uma discussão, envolvendo Conká, de grande repercussão nas redes sociais - a 25 de fevereiro, período que antecedeu a saída da integrante do programa. Além dos posts, foram utilizadas notícias veiculadas na imprensa para contextualizar o episódio, situando-as a uma delimitação cronológica concernente aos fatos reportados na ocasião. Quanto aos resultados, esta monografia apresenta o cancelamento de Karol Conká na plataforma X como uma manifestação cercada por contundência, dentre prejuízos de ordem econômica e profissional à artista, como ações de boicote e perda de contratos, que, por sua vez, culminaram em uma situação na qual os limites entre o entretenimento e o mundo real foram confundidos, senão transpassados. Esta monografia ainda indica a existência de fatores de cunho racial e de gênero - mas sobretudo racial - como potencializadores do cancelamento sofrido por Conká, observando como retrospecto a condição de negação do outro - um dos pilares do cancelamento - associada ao histórico sociocultural de depreciações e gestos violentos no modo como os negros, e, mais especificamente, as mulheres negras foram e ainda são tratados no Brasil.