Conflito em tela: uma análise da narrativa jornalística no Instagram sobre o conflito Israel-Hamas

Abstract

RESUMO

Este trabalho analisa o uso do Instagram como espaço de produção e circulação de narrativas jornalísticas durante o conflito entre Israel e Hamas, a partir das postagens dos jornalistas que cobrem o conflito na região da Palestina, Motaz Azaiza e Leila Warah. O objetivo principal é compreender os recursos comunicacionais utilizados por esses profissionais que atuam em zonas de guerra, a fim de identificar como é feita a construção de sentidos, a mobilização do público e a denúncia diante da violência e da censura. No entanto, apesar do crescimento do uso do Instagram como espaço de cobertura jornalística, especialmente em tempo real, há uma lacuna na compreensão de como jornalistas locais, inseridos diretamente no contexto do conflito, estruturam suas narrativas visuais e textuais em meio às limitações impostas pela plataforma, como a lógica algorítmica, o direcionamento de conteúdo a públicos específicos e a restrição de alcance para publicações com imagens sensíveis. A pesquisa busca, portanto, analisar de que forma essas condições tecnológicas e políticas interferem na circulação de conteúdos, no engajamento do público e na própria construção da memória sobre o conflito. A pesquisa discute a presença da imagem como documento jornalístico e elemento fundamental para informar, sensibilizar e gerar engajamento nas redes sociais. A partir de registros fotojornalísticos e audiovisuais postados entre outubro de 2023 e janeiro de 2024, o estudo analisa legendas, vídeos e composições imagéticas que retratam os impactos da guerra na Palestina, com enfoque na Faixa de Gaza. Para tanto, é feita uma pesquisa exploratória nos perfis de Instagram no período citado, com base em critérios como temporalidade, marcos do conflito, engajamento e enquadramentos narrativos. A investigação dialoga com teorias como a do enquadramento (Goffman, 1974), da imagem de guerra (Sontag, 2003), da convergência midiática (Jenkins, 2009) e da lógica da atenção digital (Thompson, 2018), além de considerar o papel do jornalista como testemunha e personagem da narrativa. Conclui-se que o Instagram, ao unir recursos textuais, visuais e sonoros, torna-se uma ferramenta poderosa para o jornalismo contemporâneo, especialmente em cenários de conflito, onde a atuação direta de jornalistas locais contribui para o enfrentamento da censura e para a construção de uma memória coletiva.