Jornalista como personagem no cinema: a representação dos jornalistas nos filmes “Spotlight: Segredos Revelados” e “Setembro 5"

Abstract

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo geral, analisar a representação dos jornalistas nos filmes Spotlight: Segredos Revelados e Setembro 5, a partir da comparação entre os fatos reais e suas adaptações na narrativa cinematográfica, com foco na construção simbólica da figura do jornalista. A pesquisa parte do pressuposto de que o cinema, enquanto linguagem artística e narrativa, possui um papel importante na construção do imaginário social sobre profissões e eventos históricos. Mais do que entretenimento, os filmes se caracterizam como dispositivos de representação simbólica e cultural, capazes de reforçar estereótipos ou propor novas leituras sobre realidades complexas. Com base em uma abordagem qualitativa, de caráter explicativa, e ancorada na análise fílmica conforme os estudos de autores como Vanoye e Goliot-Lété (1994), Aumont e Marie (2009) foram examinados pontos narrativos, estéticos e comportamentais relacionados à atuação jornalística nas duas obras. Em Spotlight, destaca-se a construção do jornalista ético, comprometido com a verdade e com o interesse público, fugindo de estereótipos sensacionalistas e valorizando o trabalho coletivo e investigativo. Já Setembro 5 retrata um ambiente mais tenso, onde dilemas éticos são colocados à prova em tempo real, mostrando jornalistas pressionados pela audiência e pela necessidade de produzir notícias imediatas, o que acaba evidenciando estereótipos como o jornalista cínico, antiético e sensacionalista. A análise revelou que ambas as obras trabalham com diferentes estilos narrativos, enquanto Spotlight adota um realismo sóbrio e contido, Setembro 5 utiliza uma linguagem mais sensorial, fragmentada e subjetiva. O estudo promove a importância do cinema como ferramenta pedagógica, crítica e cultural, capaz de dialogar com temas relevantes como ética, informação e responsabilidade social. Conclui-se que a representação do jornalista no cinema ainda transita entre a idealização heroica e a crítica contundente, sendo importante analisar essas construções para refletir sobre o papel da mídia na atualidade.