Currículo do cárcere e docência como prática de liberdade: criação de possíveis na educação prisional

Abstract

Resumo: Este trabalho tem como objetivo compreender como se constrói o currículo em uma unidade prisional a partir da prática pedagógica de professoras que atuam nesse cenário. A pesquisa parte da concepção de que o currículo não é um instrumento neutro ou previamente definido, mas um campo em constante elaboração, atravessado por experiências, saberes docentes e relações humanas. Por meio de entrevistas com três professoras e uma coordenadora pedagógica, a investigação buscou analisar como essas profissionais elaboram suas práticas em meio às limitações institucionais e às especificidades do ambiente prisional. Os relatos evidenciam a importância do vínculo entre educadoras e educandos, da escuta, da criação coletiva e da ressignificação dos processos de ensino-aprendizagem. Fundamentado em autores como Paulo Freire, Maurice Tardif, Marlucy Alves Paraíso e Sandra Mara Corazza, o estudo aponta a educação prisional como uma prática de liberdade, que ultrapassa a função de instrução e se apresenta como possibilidade concreta de reconstrução de trajetórias, de resgate da dignidade e de afirmação do sujeito como alguém capaz de refletir sobre sua própria história. Nesse contexto, a educação emerge como espaço de escuta, de vínculo e de invenção, onde mesmo entre muros e limitações institucionais, produz-se sentido, desejo e esperança. Trata-se, portanto, de um fazer pedagógico que não apenas transmite conteúdos, mas cria condições para que os sujeitos reencontrem sua voz, sua humanidade e sua potência de transformação individual e coletiva.__Abstract: The aim of this study is to understand how the curriculum is constructed in a prison based on the pedagogical practice of teachers who work in this setting. The research is based on the idea that the curriculum is not a neutral or previously defined instrument, but a field in constant development, crossed by experiences, teaching knowledge and human relations. Through interviews with three teachers and a pedagogical coordinator, the research sought to analyze how these professionals develop their practices amidst the institutional limitations and specificities of the prison environment. The reports show the importance of the bond between educators and students, of listening, of collective creation and the re-signification of the teaching-learning processes. Based on authors such as Paulo Freire, Maurice Tardif, Marlucy Alves Paraíso and Sandra Mara Corazza, the study points to prison education as a practice of freedom, which goes beyond the function of instruction and presents itself as a possibility for individual and social transformation. The study points to prison education as a practice of freedom, which goes beyond the function of instruction and presents itself as a concrete possibility for rebuilding trajectories, rescuing dignity and affirming the subject as someone capable of reflecting on their own history. In this context, education emerges as a space for listening, bonding and invention, where even between institutional walls and limitations, meaning, desire and hope are produced. It is, therefore, a pedagogical activity that does not just transmit content, but creates the conditions for subjects to rediscover their voice, their humanity and their power for individual and collective transformation.