Inteligência artificial na produção curricular: perspectivas docentes

Abstract

RESUMO: A presente pesquisa aborda a crescente integração da Inteligência Artificial Generativa (IAGen) na produção curricular. Evidencia-se assim, a necessidade de compreender as percepções dos/as docentes sobre o uso de IAGen no currículo. Assim como os atravessamentos na autoria, no planejamento pedagógico e nas condições de trabalho, no contexto de racionalidade neoliberal que valoriza produtividade, eficiência e tecnicização. A pesquisa dialoga com as teorias pós- críticas do currículo, que problematizam e questionam as transformações pedagógicas frente à presença de valores neoliberais na educação. É dado ênfase ao fato de que a IAGen, ao prometer eficiência, otimização do tempo, traz consigo valores de mercado que acabam por precarizar a profissão docente, fragmentando tarefas e reduzindo a autonomia do professor. Aponta-se também a necessidade de formação adequada para lidar com mídias digitais e as implicações éticas e sociais do uso de IAGen na escola. No percurso metodológico, utilizou-se análise de entrevistas estruturadas com 10 professores/as de diferentes etapas de ensino, com 13 perguntas, buscando entender as percepções e usos da IAGen na produção curricular. Nas análises, adotou- se uma abordagem de fragmentação, categorizando as falas, pretendendo interpreta-las quanto a produção de sentidos e significados. As analises apontaram que os/as professores/as compreendem a IAGen como uma ferramenta de potencial utilidade para a geração de ideias e em situações imprevistas, mas também apontam preocupações quanto ao vício, dependência, e a possibilidade de perder autonomia e valor na autoria pedagógica. Discute-se aqui também as ameaças de precarização do trabalho, redução de funções docentes a aspectos técnicos e a necessidade de competências digitais para lidar com essas tecnologias. Conclui-se nessa pesquisa, que a IAGen, ao mesmo tempo em que promete possibilidades de inovação, acarreta desafios relacionados à ética, precarização da autonomia docente ao reduzi-la a questões tecnicistas. Ressalta-se a necessidade de formação crítica e responsável dos/as professores/as e a importância de refletir sobre os valores neoliberais amalgamados nessas tecnologias, buscando equilibrar eficiência e dimensões humanas na prática pedagógica, sem no entanto ser contrário a utilização da ferramentas na educação.___ABSTRACT: This research addresses the growing integration of Artificial Intelligence (AI) in education, especially Generative AI (Generative AI), based on curriculum production. Thus, it is evident the need to understand teachers' perceptions about the use of AI in this context, as well as the possibilities in authorship, pedagogical planning and working conditions, within a perspective of neoliberal rationality that values productivity, efficiency and technicalization. The research dialogues with post-critical theories of the curriculum, which problematize and question pedagogical transformations in the face of the presence of neoliberal values in education. Emphasis is placed on the fact that AI, by promoting efficiency and time optimization, brings with it market values that end up making the teaching profession precarious, fragmenting tasks and reducing teacher autonomy. It also points out the need for adequate training to deal with digital media and the ethical and social implications of the use of AI in schools. The methodological approach used structured interviews with 10 teachers from different levels of education, with 13 questions, seeking to understand the perceptions and uses of AI in curriculum production. The analyses presented a fragmented approach, categorizing the statements, intending to interpret them according to their meanings and hypotheses. The analyses indicated that teachers see AI as a potentially useful tool when generating ideas and in unforeseen situations, but they also point out concerns about addiction, dependence, and the possibility of losing autonomy and value in pedagogical authorship. The threats of job insecurity, reduction of teaching functions to technical aspects, and the need for digital skills to deal with these technologies were also pointed out. This research concludes that AI, while promising possibilities for innovation, brings challenges related to ethics and precariousness of teaching autonomy by reducing technical issues. The need for critical and responsible training of teachers and the importance of reflecting on the neoliberal values infiltrated in these technologies is highlighted, seeking to balance efficiency and human dimensions in pedagogical practice, without however being against the use of tools in education.