Homens na educação infantil: perspectivas e desafios dos estudantes de pedagogia da UFMA

Abstract

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo compreender as percepções de alunos homens do Curso de Pedagogia da UFMA sobre a atuação masculina na Educação Infantil, bem como os desafios enfrentados no contexto acadêmico e profissional por esses estudantes e as possíveis contribuições da presença masculina no processo educacional. A pesquisa foi desenvolvida a partir de uma abordagem qualitativa e descritiva, foi organizada em dois momentos distintos, mas entrelaçados: o primeiro consistiu em um levantamento bibliográfico do tipo Estado da Questão, com um recorte temporal dos últimos cinco anos, buscando mapear as principais discussões e lacunas acadêmicas relacionadas à presença de alunos e professores homens no curso de Pedagogia e docência da Educação Infantil na cidade de São Luís, MA. No segundo momento, foi realizado um estudo de caso, a geração de dados e informações ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas com alunos homens que estão matriculados nos últimos períodos da graduação e que já realizaram o Estágio em Educação Infantil, os quais compartilharam suas experiências e desafios tanto na academia, quanto nas creches e escolas. As falas dos discentes foram analisadas qualitativamente, a fim de identificar percepções sobre a docência masculina em um espaço feminilizado, as construções sociais que afastam homens da Educação Infantil e as possíveis contribuições da presença masculina nesse contexto. O levantamento bibliográfico revelou um número reduzido de pesquisas voltadas à temática, com poucos estudos abordando diretamente às percepções de discentes em formação. Além disso, observou-se a escassez de produções acadêmicas recentes que abordem as vivências de estudantes homens de Pedagogia, especialmente na região Nordeste, o que torna este estudo relevante para preencher essa lacuna. Os resultados apontam que a presença masculina na Educação Infantil continua sendo marcada por preconceitos que associam o cuidado e à docência de crianças pequenas ao feminino, reforçando estereótipos de gênero que impactam a escolha e a permanência de homens na profissão. As falas dos entrevistados evidenciam sentimentos de solidão, desconfiança e insegurança, mas também de resistência e desejo de transformação social. A presença masculina na Educação Infantil é vista pelos participantes como uma oportunidade de diversificar o corpo docente, ampliar referências de masculinidade positiva para as crianças e contribuir para a desconstrução de papéis de gênero. Conclui-se que é fundamental implementar políticas públicas, práticas formativas e estratégias institucionais que incentivem a participação de homens na docência da Educação Infantil, combatendo os estigmas ainda presentes na sociedade e promovendo uma educação comprometida com a valorização da diversidade.