Considerações foucaultianas sobre a escolarização entrecruzada às práticas de governo na sociedade contemporânea

Abstract

O estudo problematiza as ações de governo projetadas para o campo da educação no contexto da sociedade de contemporânea. Para tanto, serve-se das análises realizadas por Michel Foucault e por outros pensadores que utilizaram as teorias do filósofo como “caixa de ferramentas” para compreender alguns elementos que contribuíram para a afirmação da escola como uma instituição de destaque nessa configuração social. A intenção é recorrer ao estudo sobre a emergência da escola de massa no século XIX, considerando-a um acontecimento histórico relevante quando se pensa a respeito do papel estratégico que esta instituição desempenha na atualidade, levando-se em consideração um cotidiano amplamente influenciado por relações de poder-saber que atuam na construção de nossas subjetividades. Esta discussão está diretamente atrelada à interrogação filosófica que dirige as preocupações investigativas do autor: a compreensão da história dos diferentes modos pelos quais, em nossa cultura, os seres humanos tornam-se sujeitos. Assim, na perspectiva de tratar o presente como um problema filosófico, Foucault traçou um percurso que muito tem contribuído para nos ajudar a pensar inúmeras e difíceis questões do nosso tempo, além de nos auxiliar na compreensão e enfrentamento das formas de objetivação e de subjetivação a que somos submetidos cotidianamente. Ainda direcionada ao estudo sobre as formas de subjetivação que atuam na fabricação daquilo que somos, esta pesquisa pretende abordar as relações do sujeito consigo mesmo, identificadas como “técnicas de si”. Considerado também um elemento envolto em mecanismos de controle, normalização e moldagem de condutas, o olhar sobre si apresenta-se como uma prática de governo que tem encontrado na atividade escolar um espaço privilegiado de intervenção social.