De antimusa a heroína: aspectos da autoapresentação feminina negra em “Vozes-Mulheres”, de Conceição Evaristo, e “Não vou mais lavar os pratos”, de Cristiane Sobral

Abstract

O presente artigo objetiva analisar aspectos da autoapresentação feminina negra a partir da análise dos poemas “Vozes-Mulheres” (2008), de Conceição Evaristo, e “Não vou mais lavar os pratos” (2011), de Cristiane Sobral, interpretando essa autoapresentação como uma estratégia de resistência na produção literária dessas escritoras negras brasileiras. Parte-se de um estudo crítico dos estereótipos presentes tanto na sociedade quanto na literatura brasileira, como, por exemplo, as imagens que inferiorizavam essas mulheres e as apresentavam como antimusas, tornando suas histórias invisíveis. Para tanto, apoia-se em estudos realizados por Conceição Evaristo (2005), Cuti (2010), Ângela Davis (2013), Eduardo de Assis Duarte (2007), entre outros. Dessa forma, este estudo caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo. Em suma, os resultados da pesquisa apontam que as escritoras negras contemporâneas, por meio de seus textos, apresentam estratégias de resistência contra opressões de gênero, etnia e classe, afirmando-se em suas produções literárias como mulheres negras, heroínas de suas histórias.