Entre fórmulas, experimentos e histórias: como a ciência era vista através das obras literárias Frankenstein e A Nova Califórnia

Abstract

O presente trabalho tem como objetivo analisar as obras literárias Frankenstein ou o Prometeu Moderno da inglesa Mary Shelley, e A Nova Califórnia, do brasileiro Lima Barreto, à luz das concepções de ciência que começavam a se tornar populares tanto na Inglaterra da primeira metade do século XIX, onde foi produzido o romance, quanto no Brasil no começo do século XX, momento em que o conto foi escrito. Para isso, são utilizados brevemente os conceitos de representação presentes no trabalho de Roger Chartier, além das diferenças entre as análises sobre história e literatura feitas tanto por historiadores quanto por críticos literários. Apesar da distância entre esses dois lugares, tanto no espaço quanto no tempo, eles revelam muitas semelhanças entre si, principalmente no que diz respeito ao modo como lidavam com a urbanização que estava começando, de forma mais contundente, a fazer parte da realidade dessas duas sociedades, além da maneira com que a população, e em especial a parte mais intelectualizada dela, encarava as questões referentes às diversas descobertas científicas e às consequentes novidades tecnologias que estavam tão presentes e como a euforia e os temores ocupavam espaços igualmente relevantes nesses contextos. Dessa forma, por mais diferentes que essas duas obras e seus respectivos autores possam ser em um primeiro olhar, é possível encontrar algumas semelhanças entre elas, já que ambas abordam de forma positiva o conhecimento científico em si, criticando o mau uso que se faz dele e as consequências desastrosas de se tentar atravessar as fronteiras entre a vida e a morte e de colocar as ambições pessoais à frente das melhorias que a ciência pode proporcionar.