CARACTERIZAÇÃO MORFOHISTOLÓGICA DO TRATO DIGESTÓRIO DE GENYATREMUS LUTEUS (BLOCH, 1790) - (TELEOSTEI, PERCIFORMES: HAEMULIDAE)”

Abstract

Genyatremus luteus, vulgarmente conhecido como peixe-pedra, é uma espécie de peixe pertencente a ordem Perciformes, família Haemulidae. É classificada como uma espécie demersal e estuarino-marinha, habita águas salobras dos estuários e zonas adjacentes, sobre fundos arenosos, lamosos e de pedras. Trata-se de uma espécie eurifágica e oportunista, que provavelmente se alimenta dos itens mais abundantes no ambiente. A escassez de informações sobre vários aspectos biológicos desta espécie pressupõe a necessidade de novas pesquisas. Com esse intuito, o presente trabalho busca acrescentar dados referentes à morfohistologia do trato digestório de G. luteus, relacionando com seu hábito alimentar e comparando com o observado em outras espécies. Para isso, foram utilizados 15 espécimes de peixe-pedra, dos quais foram removidos fragmentos de diferentes regiões da cavidade bucofaríngea; palato, mucosa jugal, assoalho bucal, língua, brânquias, dentes faringianos e lábio, e do tubo digestivo; esôfago, estômago, cecos pilóricos e intestino. Foram realizados estudos anátomo-histológicos e ultraestruturais desses órgãos. Os fragmentos foram fixados em solução de formol 10%, desidratados com uma bateria crescente de etanol, diafanizado em xilol, impregnados e incluídos em parafina líquida, cortados e corados hematoxilina-eosina com segundo protocolo de rotina do Laboratório de Histologia do Departamento de Morfologia da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Os mesmos fragmentos citados também foram processados e observados em microscopia eletrônica de varredura, segundo protocolo do Centro de Microscopia Eletrônica da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. O trato digestório de G. luteus apresentou estruturas morfológicas semelhantes à de outros peixes teleósteos, porém com estruturas características de sua espécie. Foi observado boca terminal, com fenda oral pequena e levemente protrátil, além de lábios finos e lisos. Quatro fileiras de dentes frontais pequenos e cônicos em forma de V apoiados nos ossos maxilares, língua delgada e presa ao assoalho bucal. Rastros branquiais curtos e espaçados, e quatro placas de dentes faringianos. A cavidade bucofaríngea apresentou-se revestida por epitélio estratificado, com ampla distribuição de botões gustativos. Em toda a extensão do tubo digestivo foi observado parede formada por quatro camadas, mucosa, submucosa, muscular e serosa. O esôfago de G. luteus é cilíndrico, de pequeno diâmetro e curto, com pregas longitudinais ao longo do órgão. O epitélio é biestratificado com uma camada profunda de células pavimentosas ou cúbicas e inúmeras células secretoras.O estômago é do tipo cecal com formato em ‘Y’, com regiões da cárdica, fúndica e pilórica bem definidas, revestido por epitélio colunar simples. A quantidade e disposição das glândulas gástricas, e a direção e posicionamento das pregas e criptas variaram de acordo com a região observada. Podem ser encontrados cerca de 5-6 cecos pilóricos, cilíndricos e de comprimento aproximadamente constante, revestidos por epitélio colunar simples, com inúmeras células caliciformes grandes e claras. O intestino de G. luteus apresentou-se curto, retilíneo, e o padrão de enrolamento das alças intestinais em arranjo em “N’’ com pregas longitudinais ao longo do órgão. Revestido por uma única camada de células colunares com células caliciformes grandes e claras com poros de secreção. A partir das descrições morfológicas e histológicas realizadas neste trabalho foi possível concluir que a espécie G. luteus apresenta o trato digestório adaptado ao hábito alimentar onívoro, preferencialmente carnívoro.