Polinização por beija-flores em Rodriguezia lanceolata Ruiz & Pavon (orchidaceae; oncidiinae) em uma porção da Amazônia Maranhense, Brasil

Abstract

A Subtribo Oncidiinae é composta por orquídeas Neotropicais que ocorrem desde o nível do mar até cerca de 4.000 metros de altitude, nos Andes. Suas espécies geralmente são epífitas. Devido a sua ampla variabilidade floral, as espécies de Oncidiinae são polinizadas por vários grupos de vetores bióticos e a suas recompensas florais incluem néctar, óleos comestíveis e fragrâncias, embora as flores de engano (mimetismo floral) sejam a estratégia de polinização mais comum. Para saber como ocorre a polinização de Rodriguezia lanceolata (Orchidaceae; Oncidiinae), estudamos duas populações do Povoado Purão dos Pirróis, Pinheiro, Amazônia Maranhense, entre janeiro e abril de 2016. Quatro tratamentos florais foram realizados em campo para determinar o sistema de reprodução da espécie: a-) autopolinização espontânea; b-) autopolinização manual; c-) polinização cruzada manual e d-) emasculação. R. lanceolata floresce entre o final de janeiro e início de abril de 2016. Dos 107 indivíduos floridos monitorados no local de estudo, cerca de 60% (64 exemplares) estavam floridos em fevereiro. As inflorescências duraram em média, 14 dias (± 3 dias) (n= 5 e 7 inflorescências). A longevidade de cada flor é de nove dias em média (± 2 dias). O tempo médio de maturação dos frutos é de 43,5 dias, variando de 41 a 46 dias. As contagens das 40 amostras de sementes (duas por fruto) para análise da viabilidade de R. lanceolata revelaram que 96% apresentavam embrião. Os tratamentos experimentais revelaram que R. lanceolata é auto incompatível e necessita de agente polinizador biótico. As flores de R. lanceolata foram visitadas por doze espécies: cinco espécies de Lepidoptera, cinco espécies de Hymenoptera (sendo quatro espécies de abelhas e uma espécie de vespa) e duas espécie de beija-flor: Amazilia versicolor e Amazilia fimbriata que carregavam os polinários próximo à região apical do bico, e foram as espécies que atuaram como polinizadores efetivos de R. lanceolata. As demais espécies atuaram apenas como pilhadoras de néctar e não realizaram a polinização. No caso de R. lanceolata, parece que o principal fator de seleção do polinizador foi o aspecto morfológico/cromático das flores dessa orquídea, suficientes para se adequar ao pequeno tamanho dos beija-flores A. versicolor e A. fimbriata.