Perfil clínico-epidemiológico dos pacientes diagnosticados com hanseníase no estado do Maranhão de 2006 a 2015

Abstract

A hanseníase é uma das doenças que há mais tempo se tem notícias na história mundial com casos relatados ao período histórico anterior a Cristo. Durante muito tempo os doentes foram vistos de forma preconceituosa, situação que ocasiona grande estigma aos acometidos até os dias atuais. É uma infecção crônica causada pelo bacilo Mycobacterium leprae que é transmitido por contato direto com indivíduos infectados principalmente através das vias aéreas superiores. Possui evolução lenta e manifesta-se a partir de sinais e sintomas demartoneurológicos como lesões de pele e acometimento de nervos periféricos, podendo causar incapacidades e deformidades físicas que comprometem as atividades de vida diárias, as atividades instrumentais de vida diária, o gozo do lazer, impondo além de sequelas físicas, também problemas psicológicos aos portadores. Trata-se de um estudo ecológico, retrospectivo, com abordagem quantitativa realizado entre os meses de setembro de 2017 e junho de 2018 com o objetivo de descrever o perfil clínico-epidemiológico dos casos de hanseníase diagnosticados no Maranhão entre os anos de 2006 e 2015. Os dados foram coletados no mês de abril de 2018 através da base do SINAN. Foram analisadas as variáveis sexo, faixa etária, macrorregião de saúde, modo de detecção, classificação operacional, forma clínica, grau de incapacidade no diagnóstico, grau de incapacidade na alta e tipo de saída. Os dados foram processados utilizando o aplicativo Microsoft Excel, versão 2013, considerando as frequências absolutas e percentuais. Os resultados foram apresentados em tabelas e gráficos. Durante o período foram notificados 39581 casos de hanseníase no estado do Maranhão. Os resultados permitiram constatar uma melhora dos indicadores como os coeficientes de detecção e de prevalência. Há maior concentração na macrorregião de São Luís (29,20%), sexo masculino (56,79%) e faixa etária entre 15 e 59 anos (71,14%). 53,19% dos casos foram diagnosticados por demanda espontânea. Quanto a classificação operacional 64,89% eram multibacilar e a forma clínica mais frequente foi a dimorfa correspondendo a 53,20% dos casos ao final da série histórica. Quanto a avaliação do grau de incapacidade física no diagnóstico 61,28% apresentaram Grau Zero e no momento da alta este percentual foi de 73,58%. 67,90% dos diagnosticados no período evoluíram para cura. Concluiu-se que o estado apresenta efetividade precária no tratamento da hanseníase e que as estratégias de detecção precoce aindaapresentam falhas, possibilitando que um maior contingente de diagnosticados possam vir a desenvolver algum tipo de dano neural, deformidades e incapacidades.