Caracterização clínica e da resposta imune celular em pacientes portadores de Cromoblastomicose no estado do Maranhão

Abstract

INTRODUÇÃO: A cromoblastomicose é uma micose subcutânea de aspecto polimórfico, acometendo a pele e o tecido celular subcutâneo. O principal agente é a Fonsecaea pedrosoi. O mecanismo de defesa do hospedeiro na cromoblastomicose não foi totalmente investigado. Alguns estudos se concentraram na interação fungo-hospedeiro, mostrando uma predominante resposta imune mediada por células. Diante da prevalência dessa micose em nosso meio, torna-se importante conhecer a resposta imune dos pacientes portadores dela, no intuito de melhorar a baixa eficácia terapêutica aos tratamentos atuais e obter métodos de imunização capazes de preveni-la. OBJETIVO: Avaliar a resposta imune celular em pacientes portadores de cromoblastomicose. MATERIAIS E MÉTODOS: Foram acompanhados 89 pacientes no Centro de Referência em Doenças Infectoparasitárias (CREDIP), com diagnóstico de cromoblastomicose por exame direto, cultura e histopatológico. Realizou-se a quantificação das citocinas IL-2, IL-4, IL-6, IL-10, IFN-γ, TNF-α e IL-17A por kit citocinas Cytometric Bead Array (CBA) Mouse Th1/Th2/Th17. RESULTADOS: Observou-se que a maioria dos pacientes era do gênero masculino [79 pacientes (88,76 %)]; com idade média ao diagnóstico de 58,1 anos (variando entre 33 e 87 anos) e desvio padrão de 11,49. Com relação à idade média por gravidade de doença, esta representou 54,45 anos na forma leve; 55,63 anos na moderada e 60,16 anos na grave. A maioria apresentava, ao diagnóstico, doença moderada ou grave (75,3%). Dos pacientes com a forma leve, IL-6 foi identificada em 22 pacientes, IL-10 em 15, INF-γ em 3 e TNF-α em 1. Naqueles com a forma moderada, IL-6 foi identificada em 34 pacientes, IL-10 em 18, INF-γ em 5 e TNF-α em 13. Naqueles com a forma grave, IL-6 foi identificada em 31 pacientes, IL-10 em 12, INF-γ em 5 e TNF-α em 9. CONCLUSÃO: O fato de IL-6 e TNF-α, marcadores de fase aguda, estarem presentes em elevadas titulações em pacientes com as formas moderada e grave, infere uma atividade pró-inflamatória intensa em todos os estágios da doença, denotando seu caráter recidivante. A associação do padrão Th1 com formas mais leves da doença e do padrão Th2 com formas graves foi novamente observada, enquanto a resposta Th17, característica de pacientes com infecções crônicas não foi evidenciada nesta casuística.