Perfil epidemiológico da mortalidade neonatal em São Luís-MA no ano de 2010

Abstract

Introdução: A mortalidade infantil é um bom indicador da qualidade de vida, de atenção ao pré-natal e aos serviços de saúde. É representada pelos componentes neonatal e pós-neonatal. O primeiro, que é o objeto deste estudo, corresponde às mortes ocorridas do nascimento até o 27º dia de vida, e é o período mais vulnerável para a sobrevivência de uma criança. Até 40% das mortes em crianças abaixo de 5 anos ocorrem nesse período apesar de 2/3 destas mortes serem preveníveis, se medidas efetivas de saúde forem ofertadas no parto e na primeira semana de vida. Pesquisas com o objetivo de conhecer as características da mortalidade neonatal são importantes, já que esta é responsável por uma grande parcela da mortalidade infantil e porque os esforços atuais não estão produzindo um declínio desta taxa tão rápido quanto o necessário. Objetivo: Calcular o coeficiente de mortalidade neonatal, neonatal precoce e neonatal tardia em São Luís-MA no ano de 2010. Método: Trata-se de um estudo descritivo, utilizando dados de um estudo de coorte e do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), que se propõe a analisar os óbitos neonatais precoces e tardios que ocorreram em São Luís- MA no ano de 2010. Foram incluídos os óbitos neonatais no período de 1º de janeiro de 2010 a 31 de dezembro de 2010 que foram registrados no Sistema de Informação sobre Mortalidade e na coorte de nascimento intitulada “Fatores etiológicos do nascimento pré-termo e consequências dos fatores perinatais na saúde da criança: coortes de nascimentos em duas cidades brasileiras – BRISA”. As variáveis analisadas foram idade da mãe, cor da mãe, situação conjugal, tipo de gravidez, escolaridade da mãe, tipo de parto, idade do óbito, sexo do recém-nascido e peso do recém-nascido ao nascer. Os dados foram compilados em um banco de dados e analisados usando o STATA 12.0. Resultados: O coeficiente de mortalidade neonatal em 2010, de mães residentes em São Luís, foi de 8,9 óbitos/1000 nascidos vivos, com maior concentração de óbitos no período neonatal precoce, representando 76,6%. Filhos de mães mestiças representaram 47% da mortalidade neonatal do período estudado. Em relação a escolaridade da mãe, 61,1% das mortes neonatais precoces ocorreram em filhos de mães com 9 a 11 anos de estudo. O parto vaginal teve a maior incidência (59,6%). A gravidez única representou 93,62% de todas as mortes neonatais. Em relação às características do recém-nascido, 61,7% eram do sexo masculino, a média de peso ao nascer foi 1651 gramas, (mínimo de 405 gramas, máximo de 4290 gramas), com maior frequência de mortes neonatais entre os RN de peso normal (>= 2500 g), tanto na mortalidade neonatal precoce (60,6%), quanto na tardia (80%). Conclusão: A mortalidade neonatal emSão Luís no período estudado teve como principal componente a mortalidade neonatal precoce, em crianças do sexo masculino, com peso normal ao nascer em mães pardas, jovens e de gravidez única.