Influência de fatores naturais e antrópicos na morfodinâmica do sistema praia/Duna na Praia do Calhau, São Luís – MA

Abstract

O estudo da morfologia costeira tem sido incentivado durante as últimas décadas a fim de obter um modelo conceitual que auxilie como recuperar e/ou manter as atuais posições da linha de costa. Dentre os ambientes mais dinâmicos da zona costeira, podese citar as praias e dunas, onde as dunas são formadas a partir da interação entre três elementos essenciais: vento, areia e vegetação. A área de estudo compreende uma faixa de campo de dunas de aproximadamente 2,5 kms, localizada na Praia do Calhau, situada na parte norte da cidade de São Luís no estado do Maranhão. O presente estudo visa caracterizar os fatores naturais e antrópicos que controlam a morfologia do sistema dunas da praia do Calhau, localizada na cidade de São Luís, durante o período de estiagem (julho a novembro) durante o ano de 2017. Os métodos utilizados para o monitoramento da morfologia praia/duna foram o de perfis praiais, realizados em três dunas distintas nos meses de julho, setembro, outubro e dezembro do ano de 2017, totalizando 12 perfis, sendo 3 em cada mês. Para o acompanhamento do sedimento transportado para o sistema dunar foi utilizado o método de armadilhas. Para a avaliação da taxonomia da flora componente foram utilizadas chaves dicotômicas, enquanto para a quantificação da área de cobertura vegetal foi utilizado o software QGIS, onde foram criados polígonos sobre a vegetação para mensurar a área, em imagens prévias dos anos de 2009, 2015 e 2017. A fim de caracterizar a vulnerabilidade do campo de dunas da área de estudo foi utilizado o método do Índice de Vulnerabilidade em forma de Checklists aplicados às 14 dunas da orla da Praia do Calhau e depois foram gerados gráficos de polígonos para expressar a seção do Checklists responsável pelo índice de vulnerabilidade da duna. A duna monitorada pelo perfil 1 apresentou caráter erosivo na ordem de -9,41 m³/m, logo após nota-se acresção entre os meses de outubro e dezembro. Esta fase acresciva resulta em 444,4 m3/m de areia acrescida ao perfil. O perfil 2 apresentou comportamento semelhante ao perfil 1 obtendo variação do pacote sedimentar maior nos meses entre setembro e outubro na ordem de 280,63 m³/m de sedimento acrescidos ao perfil 2. A duna referente ao perfil 3 apresentou acresção no mês de dezembro, onde se observou o aparecimento do sistema de duplo banco, formado na porção intermediaria da face praial. Através das armadilhas eólicas de sedimento foi possível estimar a quantidade de sedimento transportada pelo vento e seu padrão de granulometria. Quanto à granulometria do sedimento coletado através do transporte eólico, há um predomínio de areia fina, bem selecionada e um padrão de diminuição na granulometria a medida que o coletor se aproximava do topo da duna. Os índices de vulnerabilidade, checklists, mostraram a seção C, que compreende os eventos nos 200 m adjacentes ao mar, como a seção de maior influência nos índices de vulnerabilidade obtidos para o campo de dunas. A duna de número 7 foi a única que atingiu valores de vulnerabilidade maiores de 61%, enquanto as outras 13 foram classificadas entre 41 e 60%. O campo de dunas possui forçantes naturais e antrópicas que alteram sua resiliência e sua morfologia, o que causa transtornos não só à população, quando ao próprio ambiente, alterando sua capacidade de se recuperar de eventos de estresses e suportar as adversidades climáticas ao qual são submetidas durante o período seco e chuvoso.