A equoterapia enquanto possibilidade de vivência empática

Abstract

A intenção central deste trabalho é analisar como a relação entre praticante e cavalo pode ocorrer por meio de uma vivência empática no contexto da Equoterapia. Ao longo da pesquisa abordo os seguintes objetivos específicos: delinear historicamente a relação entre homem e cavalo, caracterizar as Intervenções Assistidas por Animais – IAA’s e suas categorias, apresentar a Equoterapia e suas características fundamentais, bem como o conceito de empatia por um viés fenomenológico e por fim, refletir criticamente sobre a aplicação da técnica na Equoterapia. A Equoterapia, método terapêutico e educacional, utiliza o cavalo de modo interdisciplinar (saúde, educação e equitação) com o objetivo central de desenvolver biopsicossocialmente pessoas com limitações e/ou necessidades especiais. O envolvimento com a Equoterapia, na condição de voluntária, encantou-me e aproximou-me da relação homem-cavalo permitindo o aprimoramento da vivência. A Fenomenologia de Edmund Husserl e Edith Stein foi a fundamentação epistemológica, teórica e metodológica que permitiu a análise dos fenômenos que se tornaram evidentes na Equoterapia. A metodologia utilizada foi qualitativa realizando registro das observações, pesquisa bibliográfica, documental e no meio virtual, reflexões sobre o vivido e redação do texto. Percebeu-se que a troca contínua, recíproca e afetiva caracterizam a relação homem e animal no contexto da Equoterapia. Foi observado, vivenciado e refletido como os praticantes (pessoa em atendimento na Equoterapia) interagiam com as ações do cavalo com extremo carinho e cuidado, em uma troca de sentimentos, atos e percepções. O cavalo, à sua maneira, correspondeu ao vínculo e ao afeto dispendido. Dessa maneira, assim como a relação entre homens, a empatia também está presente na relação com o animal, a partir da percepção de um ser que difere de mim em certos aspectos, mas que assim como eu vive e senti. Tal vivência pode trazer benefícios sociais e psicológicos à medida que o praticante que empatiza com o animal se coloca à disposição do bem estar do outro, colaborando para o cultivo de relações de afeto, cuidado, assim como relações sociais mais harmoniosas. Essa proposta é apenas uma porta de entrada para a presente temática e teve a intenção de permitir que fosse possível transcender a visão tecnicista presente neste tipo de IAA’s. Os estudos permitiram chegar à conclusão de que a Equoterapia está imersa no positivismo cientifico reduzindo o cavalo a um simples recurso e a relação entre homem e cavalo a mera técnica.