Do menino ao homem – considerações psicanalíticas

Abstract

Nesta pesquisa, colocou-se em questão o estatuto que é dado ao lugar do homem, assim como as interrogações que perpassam a masculinidade e as definições do que é ser homem diante das diversas transformações que o mundo contemporâneo vem atravessando. Teve-se como proposição central o questionamento sobre a assunção de uma criança a posição de homem, com base no referencial teórico da psicanálise. Para isso, foi necessário identificar qual o lugar do órgão sexual masculino na assunção de uma criança à posição de homem; a operação referente à transformação de uma criança em um homem a partir do Complexo de Édipo-Castração; e o que atesta que um sujeito está na posição de homem. Para atingir tais objetivos, realizou-se uma pesquisa teórica a partir da revisão bibliográfica de textos de Sigmund Freud e Jacques Lacan. Como ponto de partida, assumiu-se a não existência de qualquer natureza que destine o sujeito para um desenvolvimento e que, portanto, o posiciona a mercê daquilo que se desenrola nas vias do Outro. Nesse caminho, a noção de recalque primevo se fez fundamental para que pudéssemos enxergar como a criança é tomada por alguns em um mundo de linguagem. Daí a importância do primeiro laço ao qual a criança se subjuga: com a mãe. Mostrou-se como todo encaminhamento subjetivo, a partir da diferença sexual, é sempre feito a três; primeiramente na relação criança-mãe-falo e mais a frente na tríade criança-mãe-pai. Com isso, demonstrou-se os encaminhamentos ocorridos a partir de tais relações e como elas estão presentes na vida adulta do homem. Apontou-se a ameaça de castração, articulada com a proibição do incesto, como operação fundamental para que o menino pudesse se direcionar à posição de homem. Colocou-se em destaque o lugar privilegiado assumido pelo pênis na economia psíquica do menino e, adiante, do homem. Conclui-se que a partir da renúncia do desejo incestuoso, o menino pode assumir o seu sexo, identificando-se com o pai e podendo vir um dia a tomar posse do falo. Por fim, com a noção de metáfora, pôde-se registrar que na submissão à castração existe uma dimensão de novidade que diz de como cada um está submetido à lei do pai e como cada um pode fazer uso de seu pênis.