Avaliação histológica da esteatose hepática pré e pós-operatória em pacientes submetidos à gastrectomia vertical laparoscópica

Abstract

Introdução: A esteatose hepática está entre as complicações metabólicas mais comuns associadas ao excesso de peso, e está presente em aproximadamente 60% dos pacientes com obesidade. Embora seja uma afecção benigna, apresenta um potencial de progressão que vai desde a esteatose simples até a esteato-hepatite, com evolução para fibrose que predispõe ao câncer de fígado e insuficiência hepática. Estudos mostram que a gastrectomia vertical laparoscópica tem sido efetiva no tratamento da obesidade e comorbidades associadas, bem como resolução da esteatose hepática. Neste contexto, estudos que avaliam o impacto da abordagem cirúrgica no tratamento da esteatose hepática são de suma importância e devem ser conduzidos. Objetivo: avaliar as alterações histológicas hepáticas no pré e pós-operatório em pacientes submetidos à Gastrectomia Vertical. Métodos: Foi realizado um estudo de coorte com 129 pacientes submetidos Gastrectomia Vertical no serviço de Cirurgia do Aparelho Digestivo de uma Clínica privada em São Luís, Maranhão, entre janeiro de 2013 a julho de 2016. Foram realizadas duas biópsias para análise histológica, a primeira no momento da cirurgia bariátrica e a segunda na realização da colecistectomia por colelitíase no pós-operatório. Foram ainda avaliados parâmetros bioquímicos e radiológicos em pacientes no pós-operatório tardio. Resultados: A redução média do índice de massa corporal (IMC) foi de 11Kg/m2 (DP ±5,2). Foi observado melhora bioquímica e resolução ultrassonográfica em 39 (78%) e 32 (64%) pacientes com esteatose hepática, respectivamente. Na primeira biópsia, realizada no momento da Gastrectomia Vertical foram observados 84% de alterações histológicas leves, grau 1ou 2, e, 16% das amostras apresentavam alterações histológicas severas, grau 3 ou 4, com 1 caso de fibrose. Na segunda biópsia, realizada no momento da colecistectomia videolaparoscópica, foi observada recuperação histológica em 74% das amostras. Em somente 2 (4%) amostras não foram observadas melhoras histológicas, entre 8 pacientes com balonização e/ou fibrose. Conclusões: Em pacientes obesos mórbidos, a redução do peso no pós-operatório tardio ocasionado pela Gastrectomia Vertical foi eficaz na melhora dos parâmetros histopatológicos e bioquímicos da esteatohepatite não-alcoólica.