Efeito do extrato hidroalcóolico das folhas do nim indiano (Azadirachta indica A. Juss) como anticolinesterásico e na aquisição de memória e aprendizagem de ratos

Abstract

Introdução: O Nim (Azadirachta indica A. Juss) é uma arvore originária da Índia, porém bastante comum no Brasil e especialmente no Maranhão. Esta árvore possui propriedades químicas e biológicas especiais, dentre elas, notório efeito inseticida. Vários trabalhos têm demonstrado que a maioria dos inseticidas possuem ação primária como anticolinesterásicos (anti-AChE), e podem ser capazes de interagir diretamente com um ou mais sítios no receptor colinégico nicotínico (RCn). Atualmente os anti-AChE são os medicamentos mais utilizados para tratar a doença de Alzheimer (DA), a principal causa de demência no mundo e importante problema de saúde pública. Objetivo: Avaliar a atividade anticolinesterásica do extrato hidroalcoólico das folhas do Nim indiano (EHFN) e os efeitos do tratamento com o EHFN no processo de aquisição de memória espacial em ratos. Métodos: Folhas do Nim coletadas na UEMA no município de São Luís-MA foram utilizadas para a preparação do EHFN, seguindo o protocolo de MATOS, 1997. A toxicidade oral do EHFN foi avaliada em ratos utilizando os parâmetros propostos por MALONE (1977). A atividade anticolinesterásica (anti-AchE e anti-BuchE) do EHFN foi mensurada em diferentes concentrações através do método colorimétrico de Ellman et al. (1961). O Labirinto aquático de Morris (LAM) foi utilizado como método de avaliação do Processo de Aprendizagem-Memória. Para este teste 35 ratos Wistar foram divididos em três grupos: um tratado com salina (Controle, n = 11), e outros dois que receberam, respectivamente, 100mg/kg/dia (Nim 100, n = 12) e 300mg/kg/dia (Nim 300, n = 12) de EHFN por via oral durante o tratamento agudo e crônico (por 21 dias). Resultados: O EHFN não mostrou efeitos tóxicos nos ratos. O EHFN mostrou atividade inibitória sobre AChE (IC50 = 3,25 ± 1,04mg/ml) e BuChE (IC50 = 3,09 ± 1,09mg/ml). No teste LAM (comportamental), todos os grupos tiveram desempenho significativo no aprendizado quando tratados agudamente com o EHFN ou não. Porém, este desempenho foi melhorado significativamente somente nos animais tratados cronicamente com o EHFN (Nim 100 e Nim 300). No entanto, não foi demonstrada diferença significativa no tempo de permanência no quadrante alvo durante o teste do LAM. Conclusão: Este estudo demostrou que o EHFN possui atividade anticolinesterásica, sendo esta semelhante entre Acetilcolinesterase e Butirilcolinesterase e que o tratamento crônico do EHFN produz melhora de aprendizado uma vez que foi reduzido significativamente a latência de escape nestes animais, porém este tratamento não revelou nenhum efeito sobre a consolidação da aprendizagem.