Estudo das relações entre a comunidade fitoplanctônica e variáveis ambientais nas águas estuarinas do Rio Anil, São Luís - Maranhão

Abstract

O estuário do rio Anil, localizado na ilha de São Luís, está situado em uma área caracterizada por um clima tropical e regime de macromarés semidiurnas, com inúmeras casas de palafitas ao longo do estuário e despejo de esgoto doméstico in natura em suas águas. O estudo da comunidade fitoplanctônica é relevante para se conhecer a composição, biomassa e densidade fitoplanctônica do ecossistema aquático, uma vez que algumas espécies são bioindicadoras da qualidade ambiental. Baseado nisto, se desenvolveu esta pesquisa, com o objetivo de avaliar a relação entre a estrutura da comunidade fitoplanctônica com as variáveis ambientais, ao longo do estuário do rio Anil. As coletas de águas foram realizadas em oito pontos com auxílio da garrafa de van Dorn durante o período chuvoso e de estiagem do ano de 2016, em maré de sizígia na sub-superfície da lâmina de água (0,50m). Para a análise fitoplanctônica, foi feito arrasto horizontal com rede de plâncton (45μm). Estatisticamente, a transparência da água, pH, turbidez, TSS e índice de riqueza apresentaram diferença significativa. A temperatura da água apresentou pequenas oscilações durante o período estudado. Quanto à salinidade, o ambiente variou de limnético a eurialino. O pH apresentou valores básicos e os teores de oxigenio dissolvido mantiveram-se acima de 3,00 mg L-1. Baseado na taxa de saturação do oxigênio dissolvido, o estuário foi caracterizado como semi-poluído a saturado para o gás oxigênio. As concentrações de nutrientes apresentaram amplas variações e mostraram que possuem fontes distintas ao longo estuário, com concentrações de fosfato maiores no período de estiagem enquanto que o silicato foi maior no período chuvoso. Quanto aos dados biológicos, foram identificados 251 táxons divididos em cinco divisões, com predomínio das espécies marinhas neríticas. A divisão Bacillariophyta foi a mais representativa, com as espécies Paralia sulcata, Trieres regia, Odontella longicruris, Ditylum brightwellii, Euglena oxyurus, Thalassionema nitzschioides, Rhizosolenia setigera, Odontella mobiliensis, Nitzschia obtusa var. scalpeliformis, Lithodesmium undulatum, Coscinodiscus oculus-iridis e Oscillatoria sp. sendo as mais frequentes. A diversidade, equitabilidade, biomassa e densidade algais foram típicas de ambientes que vem sofrendo forte ação antrópica proporcionando a predominância de poucas espécies oportunistas que se adaptam às condições eutróficas encontradas na área. A densidade fitoplanctônica caracterizou efeitos de florações em ambos os períodos sazonais. A clorofila-a foi mais elevada durante o período de estiagem variando entre 6,04 mg m-3 a 447,87 mg m-3 indicando tratar-se de um ambiente eutrófico. O nano/picofitoplâncton foi a fração que mais contribuiu durante o período de estiagem. Apesar da grande quantidade de fontes poluidoras no estuário do rio Anil, a forçante de maré se mostrou um grande potêncial de diluição e renovação das águas.