Big Little Lies: análise e proposta de intervenção cognitivo-comportamental para casos de violência conjugal contra as mulheres

Abstract

Estudos apontam que 70% dos casos de agressões contra as mulheres foram cometidos por parceiros íntimos. Essa dinâmica violenta diz respeito ao conjunto de abusos e agressões que ocorrem no contexto das relações afetivas e amorosas de maridos e esposas ou de união estável. A violência conjugal traz consequências tanto para aqueles que estão diretamente envolvidos como para a sociedade em geral. O presente estudo teve como objetivo analisar o processo da violência conjugal contra as mulheres, sob a perspectiva da terapia cognitivo-comportamental, a partir da análise da série “Big Little Lies”. Sendo assim, as cenas de interação entre os personagens Celeste e Perry foram mapeadas; a partir disso, aquelas que fossem pertinentes para o preenchimento do Diagrama de Conceitualização Cognitiva com Casais foram selecionadas; e foi aplicado um questionário com especialistas em terapia cognitivo-comportamental e violência. Também foi proposto um modelo de intervenção cognitivo-comportamental para o casal Celeste Wright e Perry Wright. Os dados acerca da caracterização da violência apontaram a prevalência da violência física, seguida da violência psicológica e constou um episódio de violência sexual. Em relação ao preenchimento do Diagrama de Conceitualização Cognitiva com Casais, foi identificado que muitas crenças, regras, expectativas e estratégias de enfrentamento do casal contribuíram para a manutenção da dinâmica violenta. A partir de um levantamento da literatura, a possibilidade de intervenção foi organizada em 5 etapas: etapa inicial; etapa intermediária 1 (nível individual); etapa intermediária 2 (nível conjugal); etapa final e etapa de follow-up – sendo que essa última assumiu diferentes objetivos, a depender da dissolução ou prosseguimento do laço conjugal. Discutiu-se que tanto Celeste como Perry desempenharam comportamentos e adotaram estratégias de enfrentamento prejudiciais para o casamento e, à certa medida, contribuíram para a dinâmica violenta da vida conjugal. Em adição, foi feita uma discussão sobre como os processos cognitivos do casal contribuem para a manutenção da violência. Portanto, discutiu-se o viés relacional adotado na intervenção, tendo em vista a responsabilidade de cada cônjuge pelo padrão de cognições e comportamentos desadaptativos estabelecido na dinâmica conjugal.