Prevalência de candidíase vulvovaginal e sua relação com alterações citopatologicas

Abstract

O câncer de colo uterino (CCU) representa a quarta causa mais frequente de morte por câncer em mulheres, excetuando-se os casos de pele não melanoma. Estima-se ocorrência de casos novos para o biênio 2018-2019 de 420 mil para o Brasil e de aproximadamente 1.090 casos novos no estado do Maranhão. As alterações a partir das quais o CCU se desenvolve são chamadas de lesões precursoras, geralmente curáveis, porém, se não tratadas a tempo, podem evoluir para câncer. A presença de outros fatores na mucosa vaginal também é capaz de contribuir para o surgimento ou agravamento de lesões preexistentes. Objetivo: caracterizar a relação entre as espécies de Candida spp. isoladas da mucosa cervicovaginal com lesões de colo do útero em mulheres quilombolas. Metodologia: Foi realizado um estudo observacional, descritivo, de corte transversal. A amostra foi constituída de mulheres quilombolas, usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS), residentes em municípios do litoral do Maranhão, com idade entre 15 e 75 anos, residentes e cadastradas nas áreas de abrangência das equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF). A pesquisa incluiu coleta de secreção vaginal, exames preventivos de CCU, semeadura em meio específico e reisolamento com ágar seletivo e diferencial CHROMagar Candida®. Resultados: Do total de 177 pacientes atendidas, obteve-se idade entre 15 e 74 anos, com média e a moda observadas de 42,1 e 30 anos, respectivamente. As variáveis analisadas não mostraram associação significante dos valores de P com a detecção de anormalidades citológicas. Observou-se que 51 (28,8%) mulheres apresentaram detecção de Candida spp. no material coletado e que a maioria das pacientes com alterações citológicas não apresentou associação com candidíases. A presença de Candida spp. foi estatisticamente significante (P = 0,001) entre as mulheres nas faixas etária de 46-60 anos (40,7%) e maiores de 60 anos (55,6%) quando comparadas às mulheres mais jovens. Conclusão: A prevalência de Candida spp. encontradas nas mucosas cérvico – vaginais determinou uma associação de significância ao se relacionar a frequência da positividade para o fungo nas faixas etárias de 46-60 anos e maiores de 60 anos (P 0,001). Não se pode determinar a presença de infecção por Candida spp. como possível fator de risco para o surgimento de alterações citopatológicas e a consequente evolução para CCU em mulheres quilombolas, não sendo observado uma associação estatisticamente significante.