Estudo de validação de espécies vegetais da flora maranhense na terapêutica do câncer: análise química de Abelmoschus esculentus (L.) Moench e Senna alexandrina Mill

Abstract

Nas últimas décadas tem sido constatada ascensão crescente na utilização de plantas medicinais como recurso terapêutico, ocasionando a necessidade de investimentos em pesquisa visando à validação, principalmente das espécies vegetais de amplo emprego terapêutico popular; bem como a implementação de determinações normativas visando assegurar a qualidade das plantas medicinais e seus produtos derivados na perspectiva de garantir o uso seguro e eficaz de tais produtos. Entretanto, o cenário atual evidencia que a produção e o registro de fitoterápicos na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), órgão competente, não é proporcional aos estudos realizados e medidas regulamentadoras adotadas, dada a escassez de pesquisas na área de tecnologia farmacêutica, dificultando assim, o acesso da população a produtos qualificados. Para a obtenção de um produto vegetal tecnicamente elaborado, há a exigência dos estudos de validação para confirmar cientificamente as propriedades terapêuticas das plantas medicinais para permitir seu uso como medicamento em seres vivos. Assim, esse estudo objetiva realizar o estudo químico dos extratos hidroetanólicos dos frutos de Abelmoschus esculentus (L.) Moench (Malvaceae) (nome vernacular: quiabo) e das folhas de Senna alexandrina Mill. (Fabaceae) (nome vernacular: sene); representando espécies amplamente conhecidas e difundidas no Brasil, com diversas finalidades terapêuticas referidas na prática popular. As amostras de frutos de Abelmoschus esculentus e folhas Senna alexandrina foram adquiridos em estabelecimentos comerciais de São Luís, Maranhão, Brasil, por compra, submetidos a secagem por liofilização e, moagem para posterior extração por maceração assistida por ultrassom, com emprego de etanol a 70% nas relações de hidromódulos de 1:7 e 1:6, para o quiabo e para o sene, respectivamente. Os extratos foram submetidos à determinação do rendimento, pH, densidade, viscosidade, avaliação dos constituintes químicos, avaliação antioxidante e antimicrobiana; sendo, ainda avaliada a estabilidade preliminar fundamentada na atividade antioxidante. Nesse estudo constatamos bom rendimento extrativo (26,3% para o quiabo e 13,5% para o sene), com características físico-químicas (pH, viscosidade e densidade) passíveis de obtenção de formas farmacêuticas derivadas; evidenciando consideráveis teores de polifenóis e flavonoides em ambas as espécies; indicando quercetina e senosídeo B possíveis marcadores analíticos de Abelmoschus esculentus e Senna alexandrina, respectivamente; bem como relevante atividade antioxidante que sinalizam para continuidade dos estudos de validação em modelos de atividade anticancerígena.