Fatores associados ao grau de incapacidade no início do tratamento para hanseníase em um centro de referência no Nordeste do Brasil

Abstract

A hanseníase consiste numa doença infectocontagiosa e de caráter sistêmico, a qual é causada pelo Mycobacterium leprae, tendo como manifestações clínicas, sobretudo, lesões dermatoneurológicas, que podem culminar com incapacidades físicas. Este estudo objetivou identificar o grau de incapacidade dos pacientes com hanseníase no inicio do tratamento, e associa-los as variáveis sociodemográficos e clínicas em um serviço de referência em hanseníase no nordeste do Brasil. Trata-se de estudo observacional, retrospectivo com dados secundários de 2012 a 2015. A investigação foi realizada no período de abril a junho de 2016, em um ambulatório de referencia no tratamento e acompanhamento dos casos de hanseníase na cidade de Imperatriz, Maranhão, Nordeste do Brasil. A coleta de dados desse estudo foi realizada a partir das fichas de notificação dos casos diagnosticados de hanseníase. Dos 547 analisados, 60,2% eram do sexo masculino, com média de 43,2 (desvio padrão de 19,4), 63% eram pardos, 74,6% estudaram menos de dez anos, 55,1% tinham ocupação e 81,6% possuíam menos de cinco contatos. A maioria teve grau de incapacidade zero (59,6%), seguida do grau um (28,6%) e dois (12%). O grau de incapacidade não estava associado ao sexo, raça e número de contatos. Os pacientes na faixa etária de 16 a 60 anos encontraram-se associados com grau de incapacidade zero (p=0,006) e os maiores de 60 anos ao grau de incapacidade um (p<0,0001). A maioria dos pacientes com grau um e dois estudaram menos de dez anos (p<0,0001). A maioria dos classificados com grau zero e um estava empregado e os com grau dois sem emprego (p=0,02). O estudo mostra que existem claras diferenças entre os graus de incapacidade entre os pacientes analisados.