Impacto emocional e estratégias de enfrentamento das mães e/ou cuidadoras de crianças com microcefalia decorrente do zika vírus

Abstract

Os primeiros casos confirmados do Zika vírus (ZIKV) no Brasil ocorreram em maio de 2015 em cidades da região Nordeste com uma rápida disseminação do vírus para outras regiões, assim como o crescimento simultâneo dos casos de crianças com microcefalia. Vincula-se a esse agravo de saúde o fato de muitas mulheres serem mães de primeira viagem, em que a sua primeira experiência com a maternidade alia-se a suspeita de infecção congênita por ZIKV, resultando em um forte impacto emocional. Diante disso, o presente trabalho teve por objetivo verificar o impacto emocional e as estratégias de enfrentamento de mães e/ou cuidadoras de crianças que tiveram diagnóstico de microcefalia por ZIKV. Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa, realizado no período de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018 em uma Unidade de Referência do Sudoeste do Maranhão. Participaram da pesquisa 9 mães e 2 cuidadoras, com idades que variavam de 15 a 40 anos, em sua maioria, solteiras. Utilizou-se para a coleta de dados um roteiro semiestruturado para entrevista, onde os resultados foram posteriormente analisados de forma técnica através da análise de discurso proposta por Orlandi. A partir da análise emergiram quatro categorias: Gestação, Parto e microcefalia; A criança, a família e o impacto emocional; Acompanhamento por equipe multiprofissional; Redes de apoio. No que concerne ao acompanhamento do aspecto emocional dos pais e/ou cuidadores responsáveis pelas crianças evidenciaram-se dificuldades relacionadas à omissão para com o mesmo, sendo perceptível a sua utilização apenas em situações de agravo e não como rotina para prevenção.