O campo psicanalítico e os seus impasses com o desejo do sujeito mulher

Abstract

O trabalho em questão se debruçou na investigação das representações e produções sobre o feminino dentro do campo psicanalítico, voltando-se sobretudo, ao discurso freudiano, percorrendo a trajetória onde a própria psicanálise é forjada e se confunde com a história de algumas mulheres, surgindo nas linhas de silhuetas femininas. A clínica da histeria é tomada como um campo de experimentações clínicas, onde claramente, houve a construção de um território onde a mulher pudesse falar, um lugar outro em meio a um cenário histórico e estrutural de invisibilidade do sofrimento feminino. Contudo, é latente nesse lugar analítico, a coexistência de contradições e ambiguidades no discurso freudiano, produtores de impossibilidades e restrições para o psiquismo feminino, reproduzindo enunciados sociais de hierarquização entre os sexos pouco discutidos e, por vezes, naturalizados. Diante de alguns desses impasses, objetiva-se, a partir do método da cartografia de Deleuze, Guattari e Rolnik, mapear os limites e possibilidades que o conceito de feminilidade na psicanálise freudiana apresenta, buscando sua interlocução com saberes e práticas que igualmente disputam a narrativa da sexualidade na contemporaneidade, tais como os estudos de gênero de Butler e Preciado. Dessa forma, a diferença sexual em psicanálise é discutida em suas implicações culturais, sociais e políticas, como dispositivo teórico que possui centralidade na produção de subjetividade ao se apresentar como fundamental na constituição do sujeito. Objetivamos a partir do exposto, a possibilidade de escuta da multiplicidade do desejo feminino na contemporaneidade pela clínica psicanalítica – problematização essa que pode vir a enriquecer a clínica psicanalítica ao vislumbrar a criação de outros lugares para a diferença sexual.