As particularidades do laço autista: um estudo dos relatos autobiográficos a partir da perspectiva psicanalítica

Abstract

Pretende-se investigar as particularidades da linguagem e as possibilidades de laço que o sujeito autista é capaz de fazer com o outro através do viés psicanalítico. Para tanto, utilizou-se três obras autobiográficas com o intuito de entender acerca do funcionamento autista. O presente trabalho primeiramente realizou o levantamento bibliográfico em obras clássicas da psicanálise, em bases de dados e em autores atuais que discorrem acerca do laço e linguagem. Foi realizada uma sistematização de leitura, para isso, compôs-se uma análise a partir de dois eixos: relação sujeito – outro e linguagem. Se fez necessário entender qual o olhar que a psicanálise tem sobre o funcionamento autístico. Percebeu-se que três se fazem presentes e todos estes fazem relação direta ao posicionamento do autista frente a linguagem e ao Outro. Em relação as autobiográficas, identificou-se que o autista encontra dificuldades em colocar-se como sujeito da enunciação. Para tanto, é capaz de desenvolver várias estratégias para que essa fala seja separada de sua subjetividade, como a verborragia e a ecolalia. O uso do objeto inanimado se faz presente, entretanto, nota-se que enquanto um deles utiliza como forma de contato com o mundo e, portanto, criar laço, uma das autoras usa como uma maneira de comunicar-se sem se defrontar com a alteridade. A utilização do duplo imaginário como maneira de criar um laço possível se mostra presente para duas autoras. Conclui-se que a entrada na linguagem desses sujeitos se deu de maneira singular e própria para cada um, sendo para um através de um objeto, enquanto para as outras duas pela via do afeto e da captura. O laço estabelecido por esses sujeitos é um laço possível, particular, a partir de suas condições.