A leitura da trágica história de Romeu e Julieta nas aulas de Sociologia: uma estratégia para a compreensão da teoria de Durkheim sobre o suicídio e prevenção deste problema de saúde pública.

Abstract

Sabemos que o processo de ruptura sistêmica entre as ciências e as letras vem desde a Antiguidade e se agravou diante da racionalidade analítica e instrumental do positivismo. Ao surgir num contexto positivista, a sociologia – ciência da sociedade – excluiu do seu discurso a literatura, as fantasias, os sonhos etc. Mas graças à filosofia romântica, que reivindica a superioridade das artes em relação à estreiteza da ciência, o horizonte da ciência se alarga, e as artes ganham mais espaço nas novas epistemologias das ciências humanas. Na sociologia não foi diferente: ao trazer a ficção para o campo da sociologia, os cientistas sociais puderam “amolecer” a dura linguagem sociológica. Buscamos nesse sentido construir uma estratégica para tratar do complexo fenômeno do suicídio com os jovens no ensino médio, pois a principal obra sociológica sobre tal temática, O suicídio, de Durkheim, era-lhes inacessível. Dessa forma fomos buscar a tragédia Romeu e Julieta, de William Shakespeare, para fazer com que os alunos compreendam, através dela, as ideias de Durkheim sobre tal fenômeno, em especial a de que “a natureza do suicídio é eminentemente social”. Assim somente a psicologia não explicaria os suicídios de Romeu e Julieta, pois o impulsor de tal ato tem raízes na sociedade, isto é: o confronto civil entre os Capuleto e os Montéquio. Portanto, nosso objetivo é demonstrar que o diálogo entre a literatura e a sociologia é fundamental para as aulas de sociologia no ensino médio, pois incentiva nossos jovens, por intermédio da poíesis, a adentrarem no campo da sociologia e, por conseguinte, prevenir problemas de saúde pública, tal como o do suicídio.