FUTEBOL FEMININO NO MUNICÍPIO DE CODÓ – ANOS 1990.

Abstract

O presente estudo tem como principal objetivo resgatar o processo de inserção da mulher no futebol feminino no município de Codó durante os anos 90, relatando as dificuldades enfrentadas para romper com os papéis sociais destinados à elas em uma sociedade machista e desigual, onde a prática desse esporte foi, durante décadas, proibida para o público feminino. O preconceito para com a mulher amante de bola historicamente caracterizou o futebol feminino. Se inicialmente este esporte era contraindicado apenas por questões biológicas, devido aos ossos mais frágeis, menor massa muscular e prejudicial aos órgãos reprodutivos, a partir de 1841 o cenário muda. É através da instituição de dois decretos-leis, o de 1941 e o de 1965, que ele passa não apenas a ser contraindicado, mas proibido para as mulheres, passando a ter caráter criminal. Após a revogação dos decretos em 1979 e a criação da primeira Seleção Brasileira Feminina de Futebol em 1998, as atletas ainda precisaram lidar com velhos e novos desafios que se apresentaram, tais como o questionamento em torno de sua sexualidade, disparidade nos salários e a divulgação dos jogos, bem como a erotização de seus corpos nos meios midiáticos. Atualmente, uma nova luta se apresenta à população feminina que se dedica a esse esporte: a de ocuparem postos de comando dentro da estrutura de organização do futebol. Veremos que tais limitações são resultantes de alguns fatores, tais como, racismo, desigualdade de gênero e devido ao preconceito social com relação a classe social à qual essas mulheres pertenciam: eram mulheres negras e de periferia. A metodologia utilizada na pesquisa foi a qualitativa, orientada por revisões bibliográficas e técnicas de levantamento de dados empíricos como consultas em sites da internet e entrevistas. Para análise e interpretação dos fatos utilizamos como lente interpretativa autores como Morais (2012), Moura (2009) e Telles (2017), que trabalham com a temática do futebol feminino.