Perfil de óbitos por leishmaniose visceral humana em uma região endêmica do nordeste brasileiro

Abstract

RESUMO Introdução: A leishmaniose visceral humana (LVH) pode assumir formas graves, com altas taxas de mortalidade. No Brasil, o Maranhão se destaca entre os responsáveis pelo maior número de notificações e óbitos pela doença, com Imperatriz registrando uma letalidade superior à da capital. Assim, objetivou-se identificar os fatores associados aos óbitos por LVH que ocorreram em Imperatriz-MA, entre 2015 e 2018. Métodos: realizou-se um estudo retrospectivo, analítico observacional do tipo transversal dos óbitos por LVH, que ocorreram entre 2015 e 2018, em Imperatriz-MA. Os dados foram obtidos na Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, através da ficha de investigação de óbito por LVH, bem como dos Sistemas de Informação de Agravos de Notificação e de Mortalidade. Resultados: foram incluídos 52 óbitos por LVH dos quais 34,62% ocorreram em 2017. Observou-se que 61,54% eram do sexo masculino, 50% tinham até 9 anos, e 8,16% tinham coinfecção com o Vírus da Imunodeficiência Humana. Constatou-se que a maioria (57,14%) utilizou o antimoniato de n-metil glucamina, com 12,5% possuindo menos de 1 ano de idade e 16,67% mais de 50 anos. Os que usaram anfotericina B lipossomal (AnBL) apresentaram menor tempo de evolução entre o início do tratamento e óbito (p=0,002), e níveis mais altos de transaminase glutâmico-pirúvica na admissão (p=0,035). Ademais, a contagem de plaquetas foi significativamente menor no óbito (p=0,035). Conclusão: o perfil encontrado ratifica o descrito na literatura, e aponta a plaquetopenia e o estado de maior gravidade potencial daqueles que usaram AnBL como possíveis fatores associados ao óbito por LVH.