Análise dos sintomas de refluxo gastroesofágico e percepção dos fatores agravantes em estudantes de medicina da Universidade Federal do Maranhão

Abstract

RESUMO Contexto: Devido à prática de hábitos de vida pouco saudáveis, como excesso de consumo de bebidas alcoólicas e com alto teor de cafeína, alto índice de tabagismo, obesidade, elevado estresse, restrição de sono e alimentação inadequada, muitos estudantes de medicina (EM) tornam-se expostos a uma grande quantidade de sintomatologias e patologias. Dentre as principais sintomatologias que estão relacionadas a tais estilos de vida, destacam-se os sintomas do refluxo gastroesofágico. Objetivo: Apesar da crescente importância do diagnóstico precoce da Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) em termos clínicos, terapêuticos e econômicos, existem poucos estudos disponíveis sobre a prevalência dos sintomas, fatores agravantes e perfil dos pacientes. Devido à carência de estudos locais sobre a DRGE, bem como seu impacto negativo na qualidade de vida, aumento dos custos com saúde e risco para adenocarcinoma do esôfago, justifica-se o objetivo deste estudo de analisar a ocorrência dos sintomas de refluxo gastroesofágico e os fatores agravantes em EM. Métodos: O presente estudo será realizado por meio da aplicação de 3 questionários estruturados elaborados pelos próprios autores compostos por 21 questões no total. O questionário 1, possui quatro questões discursivas, em que o entrevistado preenche suas principais informações, como período em que está cursando, sexo, idade e IMC. O questionário 2 possui 12 questões, em que são indagadas a frequência da incidência de sintomas de refluxo gastroesofágico, bem como a possível automedicação com fármacos utilizados para o tratamento da DRGE. O questionário 3 é composto de 5 questões sobre fatores agravantes para os sintomas de refluxo gastroesofágico. Como critérios de inclusão para a amostra, todos os acadêmicos do curso de Medicina da Universidade Federal do Maranhão campus Imperatriz, com idade acima de 18 anos, ambos os sexos, regularmente matriculados e com preenchimento correto do questionário e assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Como critérios de exclusão discentes dos demais cursos, regularmente matriculados ou não, abaixo de 18 anos, ou discentes do curso de Medicina com quaisquer impossibilidades de preenchimento do questionário. Resultados: A prevalência dos sintomas manifestou-se majoritariamente entre o sexo masculino, e na faixa etária entre 18-24 anos de idade. 30% dos entrevistados manifestam pirose uma ou mais vezes por semana, e 23,7% apresentam regurgitação ácida uma ou mais vezes por semana. 27,4% dos participantes apresentam tosse uma ou mais vezes por semana; 7,3% manifestam rouquidão uma ou mais vezes por semana; e, 1% apresenta crises asmáticas uma ou mais vezes por semana. 57,9% dos discentes, fazem ou já fizeram uso de alguma das medicações, sendo que 35,8% dos entrevistados segundo automedicação e 22,1% via prescrição médica. 66,3% dos participantes referem que alimentos gordurosos ou apimentados agravam a sintomatologia. Em meio aos 74,2% dos alunos que consomem bebidas alcoólicas, 71% deles relataram que o alcoolismo agrava os sintomas. Para 65,8% dos estudantes, bebidas com alto teor de cafeína agravam a sintomatologia. Entre os 22,6% dos alunos que fumam, 81,4% relatam que o tabagismo agrava os sintomas. Por fim, 68,4% dos discentes referem que questões emocionais agravam sintomatologia. Conclusão: É alta a prevalência de sintomas de refluxo gastroesofágico entre os EM. Grande parte deles utilizam os medicamentos, sendo que significativa parte via automedicação. Constatou-se que fatores como alimentos gordurosos, bebidas alcoólicas, bebidas com alto teor de cafeína, tabagismo e questões emocionais, contribuem sobremaneira para o agravamento da sintomatologia. Portanto, para o controle desses fatores, urge que a Coordenação do Curso de Medicina desenvolva ações de educação em saúde, visando reeducação alimentar e combate ao consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo. Ademais, também são necessárias estratégias para otimização do tempo de estudo, almejando o controle de questões emocionais e prevenindo transtornos psicológicos.