Movimentos sociais, turismo LGBTQIA+ e hospitalidade: um olhar crítico acerca dos espaços gay friendly

Abstract

RESUMO

No presente estudo realizam-se algumas reflexões sobre movimentos sociais, turismo, hospitalidade e comunidade LGBTQIA+ a partir de um olhar crítico acerca dos espaços gay friendly. Busca-se compreender as novas concepções em torno das categorias gênero, identidade sexual e diversidade sexual e analisar a trajetória do movimento LGBTQIA+. Considerando o diálogo com o turismo, a pesquisa analisa a segmentação de mercado LGBTQIA+ e a hospitalidade urbana. Enfatiza os espaços gay friendly, entendidos como locais estruturados para receber e acolher com tolerância e respeito o público LGBTQIA+ e problematiza as relações de acolhimento e inospitalidade que pode advir das interações turísticas. Metodologicamente, a pesquisa caracterizou-se por ser exploratória e descritiva, com uma abordagem qualitativa, utilizando-se a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo. Na pesquisa bibliográfica, pontuou-se as contribuições de autores que analisam as categorias gênero (SCOTT, 1990), sexualidade (LOURO, 2000; BUTLER, 2008) e movimentos sociais no contexto internacional e no cenário brasileiro (GOHN, 2007; MELUCCI, 2001; FACHINNI, 2009; SIMÕES e FACHINNI, 2009; TREVISAN, 2004; FEREIRA, 2016). Na construção teórica sobre turismo e hospitalidade, a pesquisa fundamentou-se nos conceitos de segmentação de mercado (VAZ, 2001; KOTLER, 2006), hospitalidade urbana (GRINOVER, 2007) e gay friendly (OLIVEIRA, 2002; COLLADO et al, 2007). Na pesquisa de campo aplicou-se questionários on line junto à comunidade LGBTQIA+ no período de 15 de abril à 15 de julho de 2021, além de entrevistas semiestruturadas com 06 representantes dos coletivos LGBTQIA+ das cidades de Parnaíba (PI) e São Bernardo (MA) com o objetivo de conhecer as suas experiências na militância e suas percepções sobre a hospitalidade e acolhimento aos LGBTQIA+s nos espaços de consumo e lazer. Os resultados da pesquisa demonstraram que parcela significativa dos visitantes LGBTQIA+ já vivenciaram alguma situação de constrangimento e desconforto nos equipamentos turísticos e consideram que o setor de turismo do Brasil não está preparado para receber a comunidade de forma acolhedora e respeitosa. Essas alegações também se fizeram presentes no discurso dos sujeitos militantes entrevistados, os quais apontaram o sentimento de insegurança e de inospitalidade que vivenciam nos seus espaços cotidianos como moradores ou consumidores de bens e serviços de lazer e entretenimento. O estudo aponta para uma maior articulação entre os gestores públicos, privados e as demandas LGBTQIA+ com vistas a transformar os espaços urbanos em locais de intercâmbio, acolhimento e promoção da diversidade sexual.