Comportamentos autolesivos na adolescência em uma perspectiva analítico-comportamental

Abstract

RESUMO

Os comportamentos autolesivos (CAL) são agressões diretas ao próprio corpo realizadas de modo intencional, não aceitas socialmente. Estudos recentes caracterizam os CAL como respostas de autolesão sem intenção suicida consciente. Esses comportamentos têm sido considerados um problema de ordem mundial. Dados indicam que uma quantidade significativa de adolescentes se encontra suscetível a se engajar em autolesão. Neste sentido, o objetivo principal deste trabalho consiste em analisar o comportamento autolesivo em adolescentes e como objetivos específicos: (a) identificar a prevalência de CAL; (b) caracterizar suas formas mais frequentes; (c) identificar suas funções e sua relação com a intenção suicida. Participaram do estudo 168 adolescentes com idade entre 10 e 14 anos. Para a coleta dos dados foi utilizada a Escala de Comportamento de Autolesão - ECA (Functional Assessment of Self-Mutilation). Os dados apontaram uma prevalência de 20.23 de CAL na amostra, sendo as três formas mais frequentes: (1) morder a si mesmo (85.3%), (2) cutucar ferimentos (38.23%) e (3) bater em si mesmo (23.53%). Quanto às funções destas respostas, identificou-se como mais frequentes “para aliviar sensações de ‘vazio’ ou indiferença” e “para se castigar”, seguidas de “para parar sentimentos/ sensações ruins”, todas estas pertencentes à categoria de reforço automático (47.64%). Por fim, 22.58% dos adolescentes que praticam autolesão apresentaram intenção suicida. Os achados vão ao encontro da literatura no que se refere a existência do fenômeno comportamental na adolescência, a predominância do sexo feminino e a função de regulação emocional como principal justificativa do comportamento. O estudo amplia dados sobre a temática e abre lacunas para novas investigações.