Atendimento psicológico com crianças hospitalizadas em decorrência de abuso sexual: algumas contribuições psicanalíticas

Abstract

RESUMO

O abuso sexual infantil é uma realidade no país, é crescente o aumento de casos de abuso sexual na primeira infância, além disso é cada vez maior a divulgação desses casos nos meios de comunicação através de relatos ou denúncias. Os serviços de saúde em suas diferentes portas de entrada deverão conferir máxima prioridade ao atendimento das crianças na faixa etária da primeira infância com suspeita ou confirmação de violência de qualquer natureza. No que tange a violência sexual no âmbito da infância o psicólogo recebe um chamado específico da legislação para contribuir com sua clínica na assistência multiprofissional a crianças e suas famílias. O objetivo desta pesquisa é discutir o atendimento presente na assistência psicológica hospitalar para o cuidado à saúde da criança em situação de abuso sexual, enfatizando nessa discussão o lugar ocupado pela criança neste cenário de violência, e apontando para uma reflexão em torno de um tratamento possível nesse tempo de internação/hospitalização. Os objetivos específicos traçados para a pesquisa foram apresentar um recorte das Políticas públicas e Políticas de saúde voltadas para o cuidado à criança em situação de violência sexual, resgatar a teoria sexual infantil de Freud a partir dos três ensaios e discutir o atendimento psicológico a crianças hospitalizadas em decorrência de abuso sexual. A ferramenta metodológica escolhida para delimitar a pesquisa e avançar na discussão é a psicanálise que, a partir de seu corpo teórico e método analítico possibilitam a identificação das referências bibliográficas adequadas a partir de três grandes eixos: política, teoria e experiência/prática. A pesquisa aponta que são complexos os impactos emocionais presentes nas relações que se estabelecem entre paciente, instituição, profissionais e família. Nesse contexto ressalta-se que não é papel da psicologia investigar “culpados”, o psicólogo deve garantir espaço de escuta às crianças, deixando que elas possam dizer como se relacionam com sua história. Os desafios impostos pela realidade institucional, como a falta de ambiência, escassez profissional e estigmas em torno desses casos, implicam ao psicólogo firmar compromisso com sua formação, seu trabalho pessoal e sua ética profissional.