Variação intracultural do conhecimento de plantas medicinais usadas em quintais no povoado Mata de Ana, Bacabal - MA

Abstract

RESUMO A etnobotânica pode ser definida como o estudo da relação que existe entre os seres humanos e as plantas presentes em seu ambiente. Dentre essas relações uma de grande importância é a que dá origem ao uso de plantas para o tratamento de doenças. Os estudos etnobotânicos sobre plantas medicinais trazem levantamentos interessantes sobre a riqueza de espécies úteis de uma determinada região, assim como, suas formas de uso locais. Além disso, muitos estudos buscam compreender que fatores poderiam influenciar o conhecimento local sobre plantas medicinais, a fim de entender se esse conhecimento é igualmente distribuído entre os membros de uma localidade ou se existem diferenças locais ligadas a características socioeconômicas das pessoas, como sexo, idade, tempo de moradia e escolaridade. Nesse sentido, o desenvolvimento do presente estudo teve como objetivo analisar os saberes populares referente às plantas medicinais utilizadas pela população do campo de uma comunidade do interior do Maranhão, com localização circunvizinha ao município de Bacabal, que tem por nome povoado Mata de Ana, avaliando se fatores socioeconômicos influenciam a distribuição desse conhecimento na localidade. Na pesquisa foram entrevistados 20 informantes com idades a partir de 18 anos os quais deviam citar os saberes adquiridos relativos a plantas medicinais ao longo de sua vida, sobre a sua utilização e o tratamento que a mesma oferece. Além disso, foi aplicado um questionário socioeconômico a cada participante. Assim, foram registrados um total de 35 etnoespécies de plantas medicinais, das quais as mais salientes nas listas livres foram: mastruz, erva cidreira, capim limão, flor de abóbora e malva do reino. A principal forma de uso das plantas foi como chá, e as doenças mais comumente tratadas foram gripe e inflamações. Não houve diferenças significativas entre o conhecimento de plantas medicinais para nenhum dos fatores socioeconômicos avaliados (sexo, idade, tempo de moradia e escolaridade), indicando uma alta homogeneização do conhecimento na comunidade. Compreender o funcionamento e a utilização de plantas medicinais pode trazer um grande avanço na contribuição para estudos com fins medicinais e fármacos, bem como para a preservação do ambiente e da cultura popular, que através da educação, e conhecimento reaviva o poder de transformar saberes tradicionais em saberes científicos.____________________ABSTRACT Ethnobotany can be defined as the study of the relationship that exists between humans and the plants present in their environment. Among these relationships, one of great importance is the medicinal use, plants locally used in the treatment of diseases. Ethnobotanical studies on medicinal plants bring interesting surveys about the richness of useful species in a given region, as well as their local forms of use. In addition, many studies seek to understand what factors could influence local knowledge about medicinal plants, in order to understand if this knowledge is equally distributed among the members of a locality or if there are local differences linked to people's socioeconomic characteristics, such as sex, age, residence time and schooling. In this sense, the development of the present study aims to analyze the popular knowledge regarding the medicinal plants used by the rural population of a community in the interior of Maranhão, located around the municipality of Bacabal, whose name is the village Mata de Ana, evaluating whether socioeconomic factors influence the distribution of this knowledge in the locality. In the research, informants aged from 18 years old were interviewed, who should mention the knowledge acquired regarding medicinal plants throughout their lives, about their use and the treatment that it offers. In addition, a socioeconomic questionnaire was applied to each participant. Thus, a total of 35 ethnospecies of medicinal plants were recorded, of which the most prominent in the free lists were: mastruz, erva cidreira, capim limão, flor de abóbora and malva do reino. The main form of use of the plants was as tea, and the most commonly treated diseases were flu and inflammation. There were no significant differences between the knowledge of medicinal plants for any of the socioeconomic factors evaluated (gender, age, time of residence and education), indicating a high homogenization of knowledge in the Community. Understanding the functioning and use of medicinal plants were recorded, which may prove to be a great advance in the contribution to studies with medicinal and pharmaceutical purposes, as well as to the preservation of the environment and popular culture, which through education, awareness and knowledge revives the power to transform traditional knowledge into scientific knowledge.