Inquilinismo em ninhos de Dinoponera Gigantea (Perty) 1833 (Hymenoptera: formicidae) em uma área de cerrado a Nordeste do Brasil

Abstract

RESUMO

Os ninhos de formigas edáficas são frequentemente coabitados por outros invertebrados, a maioria deles, são artrópodes tratados ecologicamente como inquilinos. O inquilinismo consiste em uma relação ecológica onde uma espécie usa a outra como abrigo e dentro do grupo de insetos sociais (formigas, abelhas, vespas e cupins) há uma interação biológica interespecífica do tipo harmônica devido não causar danos a nenhum dos indivíduos. Este trabalho teve como objetivo verificar a ocorrência de relação de inquilinismo no interior dos ninhos de Dinoponera gigantea em uma área de Cerrado do Norte/Nordeste do Brasil, localizada no município de Chapadinha, região Leste do estado do Maranhão. Para a realização deste estudo foram utilizados nove ninhos dispostos em área de Cerrado. Os invertebrados presentes nos ninhos de D. gigantea, foram coletados durante a transição do período chuvoso ao seco da região, (junho), utilizando-se métodos ativos de coleta para o grupo de artrópodes, o qual consistiu na desestruturação dos ninhos (escavação manual dos ninhos). Posteriormente, as amostras foram caracterizadas em: inquilinos e recurso trófico da formiga e armazenadas em potes com álcool 70%. Logo também tanto os indivíduos caracterizados como inquilinos quanto como recursos foram identificados ao nível taxonômico de ordem com o auxílio de chave dicotômica para principais grupos de artrópodes. Os dados obtidos foram analisados com o auxílio da ferramenta Microsoft Excel 2011 para estimar os índices ecológicos: diversidade e riqueza. Os resultados obtidos evidenciaram que há a ocorrência de relações de inquilinismo e relações tróficas no interior dos ninhos de formiga D. gigantea, sendo os inquilinos pertencentes em sua maioria ao grupo de Collembola e Pseudoescorpiões, e os recursos tróficos ao grupo de Isoptera e Blattaria. A diversidade dos artrópodes caracterizados como inquilinos presentes no interior dos ninhos ficou entre 0,603 e 1,215, com média de 1,090, sendo os ninhos 04, 05, 08 e 09, detentores de maior diversidade. Já com relação ao índice de riqueza, os ninhos 03, 04, 07 e 08 apresentaram índice de riqueza superior a um, sendo os ninhos 04 e 07 detentores de maior riqueza de inquilinos. Foi possível verificar a padronização quanto à distribuição destes invertebrados no ambiente interno dos ninhos, os quais foram encontrados nos ambientes de lixeiro e câmaras de imaturos dos formigueiros. Este trabalho apresenta dados relevantes para a biologia da espécie D. gigantea mostrando que fora do domínio amazônico essa espécie busca as condições edafoclimáticas semelhantes às das florestas úmidas da Amazônia.