Morfologia e ultraestrutura do baço do gambá Didelphis marsupialis (Linnaeus, 1758)

Abstract

RESUMO

Comumente reconhecido como mucura, saruê ou sariguê, o Didelphis marsupialis, é um animal que desempenha importantes papéis no meio ambiente, auxiliando na dispersão de sementes bem como na regulação biológica de populações, demonstrando também importante valor no âmbito de saúde populacional. A relevância do estudo anatômico, funcional, evolutivo e filogenético dos mamíferos para o desenvolvimento da morfologia comparada apresenta um extenso apanhado documental, uma vez que, este tipo de conhecimento contribui para o entendimento acerca dos hábitos biológicos de cada espécie. No entanto, pesquisas acerca da morfologia e fisiologia dos marsupiais são bastante escassas ou inexistentes. Neste contexto, objetivou-se através dessa pesquisa descrever morfologicamente e ultraestruturalmente o baço do D. marsupialis. Para tanto, foram utilizados cinco gambás, de ambos os sexos, provenientes de capturas nas proximidades do Campus do Centro de Ciências de Chapadinha (CCC) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) em armadilhas do tipo Tomahawk. Após captura, os animais foram transportados ao Laboratório de Anatomia Animal e Comparada LAAC - CCC/UFMA onde procedeu-se com o protocolo de anestesia e eutanásia. Todos os protocolos experimentais ocorreram de acordo com as diretrizes do CONCEA, CEUA/UFMA e ICMBio. Seguiu-se então com a fixação dos espécimes com solução aquosa de formaldeído a 10%, e após 48 horas, os espécimes foram lavados em água corrente, e iniciou-se o processo de dissecção para as análises anatômicas. Posteriori, a esta análise, fragmentos do baço foram coletados para realização das análises histológicas e de ultraestrutura. Para as análises histológicas, os fragmentos foram desidratados em séries crescentes de álcool etílico, diafanizados em xilol, incluídos em parafina, seccionados na espessura de 5 μm e corados em HE. Para as análises ultraestruturais, as amostras foram seccionadas e lavadas em ultrassom por um período de 15 minutos e acondicionadas em álcool 70% overnight, com posterior desidratação em séries crescentes de álcool, secagem em ponto crítico e metalizados com ouro para análise no microscópio eletrônico de varredura. Os resultados demonstraram que anatomicamente o baço do D. marsupialis mostrou-se como um órgão maciço de coloração marrom escuro, e formato irregular, localizado no hipocôndrio esquerdo junto a curvatura maior do estômago, evidenciando duas superfícies, duas extremidades e duas bordas. Microscopicamente é organizado em cápsula, trabéculas, polpa branca e polpa vermelha, apresentando também segmentos arteriolares, que de igual forma, puderam ser observados em sua análise ultraestrutural. Diante do exposto, conclui-se que o baço do D. marsupialis, assemelha-se morfologicamente as descrições atribuídas aos mamíferos domésticos.