Perspectivas sobre o aprendizado na óptica de estudantes de medicina: análise do impacto de transição curricular

Abstract

RESUMO

Através do avanço tecnológico e das modificações políticas e socioculturais ao longo dos anos, as perspectivas educacionais vão se remodelando, com utilização de novas metodologias de ensino e ampliação do número de vagas. Com esses novos ambientes educacionais, surgem novos desafios e necessidade de adaptação. Dentre os componentes que influenciam no processo de aprendizagem, procuramos, neste estudo, compreender a percepção dos discentes de um novo curso de graduação em Medicina quanto aos aspectos de infraestrutura, do corpo docente e tutoriais, do currículo informal, composto por grupos acadêmicos organizados pelos próprios alunos e da organização didático-pedagógica. A pesquisa foi realizada por meio de questionário com 31 itens, cujas opções de resposta correspondiam a escala tipo Likert, envolvendo 208 alunos regularmente matriculados do segundo ao oitavo períodos. Estes foram divididos em dois grupos, um composto por alunos entre quinto e oitavo períodos (G2), que passaram por um processo de transição entre a metodologia mista, com aspectos tradicionais e algumas disciplinas ativas, para metodologia ativa, e outro por alunos do segundo ao quarto período (G1), que já iniciaram desde o primeiro período utilizando as metodologias ativas. Os alunos avaliaram como satisfatórios 41,9% dos itens questionados e 19,3% dos itens foram avaliados como insatisfatórios. Os itens que mais foram considerados satisfatórios estavam relacionados à interdisciplinaridade, bibliografia recomendada, uso de metodologias ativas, integração com a comunidade, práticas de ensino, titulação docente e equipamentos didáticos. Os principais pontos de discordância entre os grupos estão relacionados aos aspectos didático-pedagógicos, como articulação teoria-prática, interdisciplinaridade, flexibilidade curricular, pertinência dos conteúdos, integração com a comunidade e atividades práticas. Questões relacionadas ao número de docentes por alunos, às práticas de ensino nos períodos mais avançados, componentes da biblioteca e apoio psicopedagógico foram os mais criticados pelos alunos. De forma geral, podemos perceber que, apesar das diversas dificuldades encontradas, no contexto de um curso novo, houve mais pontos positivos que negativos na influência do aprendizado. Apesar disso, ainda são necessárias algumas reestruturações para garantir a melhor experiência no processo ensino-aprendizagem.