Filosofia da inteligência artificial: o mais novo marco epistêmico

Abstract

RESUMO Pretendemos nesta obra tratar das grandes mudanças que estão se desenrolando em escala global causadas por um conglomerado de novas tecnologias, principalmente a Inteligência Artificial. Essas tecnologias estão transformando a vida, o trabalho, a cultura e o conhecimento humano de forma ímpar. Parte-se de uma perspectiva filosófica centrada na arqueologia de Michel Foucault, objetivando com isso: analisar os principais traços dessa mudança profunda na atualidade a partir de um viés filosófico; associar a filosofia foucaultiana com as tecnologias; investigar o peso que as tecnologias tem nessa mudança hodierna; e por último, identificar elementos que endossem a influência das tecnologias no processo. Encontrou-se uma resposta teórica para o problema posto nessa pesquisa ao fazer a acomodação dessa grande transformação tecnológica como um quarto marco epistêmico, isso considerando a perspectiva de descontinuidade epistêmica feita por Foucault na qual circunscreve três repartições epocais na história da episteme ocidental, a saber: Renascimento: Classicismo; Modernidade. Esquadrinhado esse cenário e efetuado o diálogo com autores que arrolam sobre as perspectivas das tecnologias no presente ou em um futuro imediato, principalmente Harari (2018), David Weinberger (1950-) e Ray Kurzweil (1948-), justificamos nossa proposição de que está ocorrendo mais uma descontinuidade na episteme e que um quarto marco epistêmico está se iniciando, substituindo o último marco apontado por Foucault, a Modernidade, em que o homem era centro dessa episteme. O lugar de primazia até então ocupado pelo homem é substituído, nesse novo marco epistêmico, pelas novas tecnologias, com lugar de ressalto para a Inteligência Artificial.___ABSTRACT We intend in this work to deal with the great changes that are unfolding on a global scale caused by a conglomerate of new technologies, mainly Artificial Intelligence. These technologies are transforming life, work, culture and human knowledge in a unique way. It starts from a philosophical perspective centered on Michel Foucault's archeology, aiming to: analyze the main traits of this profound change in the present day from a philosophical point of view; associating Foucauldian philosophy with technologies; to investigate the weight that technologies have in today's change; and finally, to identify elements that endorse the influence of technologies in the process. A theoretical answer to the problem posed in this research was found by making the accommodation of this great technological transformation as a fourth epistemic landmark, considering the perspective of epistemic discontinuity made by Foucault in which he circumscribes three epochal divisions in the history of the Western episteme, namely : Renaissance: Classicism; Modernity. After scrutinizing this scenario and carrying out a dialogue with authors who list the perspectives of technologies in the present or in the immediate future, mainly Harari (2018), David Weinberger (1950-) and Ray Kurzweil (1948- ), we justify our proposition that it is there is yet another discontinuity in the episteme and that a fourth epistemic landmark is beginning, replacing the last landmark pointed out by Foucault, Modernity, in which man was the center of this episteme. The primacy place hitherto occupied by man is replaced in this new epistemic framework by new technologies, with an emphasis on Artificial Intelligence.