CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS, SOCIOECONÔMICAS E DE SÁUDE ASSOCIADAS À RESILIÊNCIA DE INDIVÍDUOS COM UMA DOENÇA CARDÍACA

Abstract

A resiliência apresenta-se como um assunto contemporâneo de saúde ainda em construção, inserindo-se em um novo paradigma de saúde, que privilegia os recursos saudáveis do indivíduo. Constitui uma característica psicossocial que pode estar associada a desfechos clínicos em pacientes cardiopatas, sendo influenciada por fatores de risco e proteção que são decorrentes de situações adversas. Investigar o processo de resiliência em indivíduos com uma doença cardíaca. Estudo transversal de abordagem quantitativa realizado numa instituição de referência estadual em atendimentos de alta complexidade no Maranhão nos meses de setembro e outubro de 2019. A amostra foi composta por 51 pacientes cardiopatas. Foi utilizada a Escala de Connor-Davidson de Resiliência (CD-RISC 25). As variáveis quantitativas foram descritas sob a forma de médias e desvio padrão. Para a análise estatística foi utilizado o Software IMB SPSS Statistics versão 26.0. Para verificar a presença de associação entre a variável dependente (resiliência) e as variáveis independentes foi utilizada a regressão logística e para analisar a força da associação entre as variáveis utilizou-se o método Stepwise backward e o teste de Hosmer-Lemeshow. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade federal do Maranhão, parecer favorável número 3.396.844. Foram considerados 41 (80,4%) indivíduos resilientes e 10 (19,6%) indivíduos não resilientes. Os indivíduos resilientes foram predominantemente homens (73,2%), idades de 57 a 69 anos (44%), cor parda (73,2%), união estável (75,6%), ensino médio completo (31,7%), motorista (12,3%), procedentes do domicílio (51,2%), residentes em outros municípios (73,2%), católicos (56,1%), praticantes da religião (73,2%), família composta por companheiro (a) e filhos (46,3%), rede de apoio o companheiro (a) (34,1%) e renda familiar de 1 a 2 salários mínimos (51,2%). Foi prevalente a doença arterial coronariana (68,3%), tempo médio de diagnóstico de 39,3 meses, hipertensos (47,5%), submetidos a tratamento cirúrgico (75,6%), revascularizados (51,2%), uso de terapêutica medicamentosa (82,9%), tempo médio de medicação 55,2 meses e de internação hospitalar 1,3 meses, Os sintomas mais frequentes foram a precordialgia (47,2%) e dispneia (37,7%), os quais afetaram as atividades principalmente de andar (37,7%) e trabalhar (30,2%), motivo de reinternações (53,7%). Foram considerados relevantes os fatores da Escala CD-RISC-25 que apresentaram taxa de responsividade igual ou superior a 50% na resposta “quase sempre verdadeiro”, com representatividade o fator 2 – Adaptabilidade e tolerância (51%) e o fator 3 - Confiança no apoio externo (66,7%). Nos quatro fatores destacaram os seguintes itens: fator 1 - “Eu sei onde quero chegar na minha vida” (72%); fator 2- “Eu consigo me recuperar bem de uma doença, acidente ou outras dificuldades” e “Eu me considero uma pessoa forte quando tenho que lidar com os desafios e dificuldades da vida”, ambos (60,8%); fator 3 - “Quando meus problemas não tem uma solução clara, as vezes Deus ou o destino podem ajudar” (76,5%) e fator 4 - “Eu acredito que a maioria das coisas boas ou ruins acontecem por alguma razão” (52,9%). Não houve associação significativa entre resiliência e as variáveis sociodemográficas, econômicas e de saúde. A resiliência possui caráter interativo sendo modelada a partir da interação de fatores de risco e de proteção. Identificou-se resiliência em grande parte dos indivíduos com diagnóstico médico de doença cardíaca, sendo possível inferir que os fatores influenciaram no processo de resiliência.