Associação entre a gravidade de cárie e o fenótipo de risco vascular em adolescentes

Abstract

RESUMO A cárie e as doenças cardiovasculares (DCV) são doenças crônicas não transmissíveis, que aumentam sua gravidade com a idade, associando-se ao final da vida adulta. Temporalmente, as lesões de cárie antecedem em décadas o risco de DCV; sendo os processos infecto-inflamatórios disparados pela gravidade das lesões cariosas apontados como o principal mecanismo de aumento do risco para DCV no futuro. Entretanto, os estudos em humanos nesta temática ainda são escassos, e com resultados controversos; além disso, estes estudos não consideraram os fatores de risco em comum às doenças. Assim, o objetivo deste estudo foi investigar associação entre gravidade de cárie e o fenótipo de risco vascular (FRV) em adolescentes, considerando vulnerabilidade social, fumo, álcool e obesidade como causas comuns às duas condições. Este é um estudo de amostra de base populacional com 687 adolescentes, obtido da Coorte de Nascimento de São Luís, no seguimento de 18-19 anos. A exposição de interesse foi a gravidade de cárie, avaliada pelo índice PUFA (índice que avalia as consequências clínicas da cárie não tratada). O desfecho foi o fenótipo de risco vascular, variável latente deduzida da variância compartilhada da pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica e a velocidade da onda de pulso carotídeo-femoral. No modelo teórico considerou-se como causas comuns: situação socioeconômica (SES), tabagismo, uso de álcool e obesidade, em análise de multicausalidade através da Modelagem de Equações Estruturais, utilizando o software MPlus 7.0. No presente estudo ter maior número de dentes com gravidade de cárie (PUFA) não foi associado a maiores valores do FRV em adolescentes. A obesidade explicou maiores valores de FRV (CP=0,399; p<0,001) e a maior SES protegeu dos maiores valores de gravidade de cárie (CP= -0,380; p<0,001). Ainda que a gravidade de cárie não tenha sido associada aos maiores valores de FRV nos adolescentes, as causas comuns já são observadas com estas condições aofinaldasegundadécada devida. __Caries and cardiovascular disease (CVD) are non-communicable chronic diseases. transmissible diseases, which increase in severity with age, being associated with the end of life adult. Temporally, caries lesions precede the risk of CVD by decades; being the infectious-inflammatory processes triggered by the severity of carious lesions identified as the main mechanism of increased risk for CVD in the future. However, human studies on this subject are still scarce, and with results controversial; in addition, these studies did not consider risk factors in common to diseases. Thus, the aim of this study was to investigate the association between the severity of caries and vascular risk phenotype (VRF) in adolescents, considering vulnerability social, smoking, alcohol and obesity as common causes of both conditions. this is a study population-based sample with 687 adolescents, obtained from the Birth Cohort of São Luís, in the follow-up of 18-19 years. The exposure of interest was the severity of caries, evaluated by the PUFA index (index that evaluates the clinical consequences of caries not treated). The outcome was the vascular risk phenotype, a latent variable deduced from the variance shared systolic blood pressure, diastolic blood pressure, and heart rate carotid-femoral pulse wave. In the theoretical model, the following were considered as common causes: socioeconomic status (SES), smoking, alcohol use and obesity, in a multicausality through Structural Equation Modeling, using the software MPlus 7.0. In the present study, having a greater number of teeth with severe caries (PUFA) did not was associated with higher FRV values ​​in adolescents. Obesity explained greater FRV values ​​(CP=0.399; p<0.001) and the highest SES protected from the highest values ​​of caries severity (CP= -0.380; p<0.001). Although the severity of caries was not associated with higher FRV values ​​in adolescents, common causes are already observed with these conditions at the end of the second due decade.