Determinação de bisfenol A sobre eletrodos modificados com materiais nanoestruturados obtidos de resíduos urbanos

Abstract

A constante liberação de inúmeros compostos orgânicos prejudiciais para o meio ambiente e para a saúde tem despertado grande atenção ao redor do mundo devido sua toxicidade e constante ocorrência. Dentre estes destaca-se o bisfenol A (BFA) que, por ainda ser vastamente utilizado na química industrial, na manufatura de plásticos policarbonatos, tem sido encontrado em águas residuais, amostras de água potável e embalagens de produtos alimentícios. Sua ocorrência causa grande preocupação por este composto ser um disruptor endócrino, podendo levar ao desenvolvimento de câncer de mama, câncer de próstata, deformações em recém-nascidos e infertilidade. Tendo em vista a problemática do BFA e a nessidade de seu monitoramento no meio ambiente, o desenvolvimento de sensores eletroquímicos sensíveis para a detecção deste composto foi o foco principal deste trabalho. Para tanto, foram desenvolvidos eletrodos de carbono vítreo modificados com esferas de carbono obtidas através da conversão de poluentes plásticos sob pressão autógena. As técnicas selecionadas foram a voltametria cíclica e pulso diferencial e os estudos eletroanalíticos revelaram que a modificação com esferas de carbono ancoradas com quitosana aprimorou significamente a detecção do BFA. No estudo do pH, um deslocamento ~60 mV/pH para o potencial de pico de oxidação do BFA foi obtido, indicando um processo de oxidação envolvendo um mesmo número de prótons e elétrons; oxidação esta favorecida por valores de pH ligeiramente básicos. Além disso, o sensor desenvolvido apresentou 1.6 μmolL-1 e 5.0 μmolL-1 como limites de detecção e quantificação por voltametria cíclica, respectivamente, e 1.4 μmolL-1 e 4.0 μmolL-1 por pulso diferencial, com coeficiente de correlação R2 = 0,9960.