EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ÓLEOS DE RESÍDUOS DE PEIXE DA FEIRA MUNICIPAL DE PINHEIRO, MARANHÃO

Abstract

Com o incremento na produção e consumo de pescado, cresceu a preocupação quanto ao destino dos resíduos produzidos durante o seu processamento. Compostos por vísceras, nadadeiras, pele e escamas, os resíduos podem representar até 70% do peixe, dependendo da espécie e técnica de processamento aplicada. Estes rejeitos são, em sua maioria, despejados de maneira indevida em lixões a céu aberto ou nos próprios locais de comercialização, ocasionando graves problemas ambientais e sociais. Diante de tais problemáticas, tem-se enfatizado a necessidade de se obter valorização destes materiais e, ao mesmo tempo, contribuir para uma indústria de pescado mais sustentável. Deste modo, o presente estudo teve por objetivo extrair e caracterizar os óleos de resíduos de peixes, oriundos por diferentes métodos de extração, indicando seus potenciais usos biotecnológicos e relatando os benefícios que poderiam surgir com a redução dos impactos ambientais decorrentes do descarte inadequado. Os resíduos foram coletados na feira livre do muncipio de Pinheiro de forma aleatória e sem levar em conta suas respectivas espécies. As extrações foram realizadas por meio de secagem na estufa (ESF), cocção na panela de pressão (PP) e refluxo com solvente no extrator soxhlet (SX). Realizou-se as análises por cromatografia gasosa (CG) e por infravermelho com transformada de Fourier (ATR-FTIR) com a finalidade de identificar os principais constituintes presentes nesses óleos. A avaliação da composição química dos óleos evidenciou uma variedade de ácidos graxos em todas as amostras analisadas. Foram identificados e quantificados 16 ácidos graxos, contemplando os saturados (AGS), monoinsaturados (AGMI) e poli-insaturados (AGPI). Nas amostras extraídas por estufa e panela de pressão os ácidos mais abundantes foram o oleico (C18:1n9c), elaídico (C18:1n9t) e o esteárico (C18:0), enquanto nas amostras obtidos por soxhlet os ésteres majoritários foram o mirístico (C14:0) e o eicosadienoico (C20:2). Em relação aos métodos empregados, os tratamentos na estufa e panela de pressão apresentaram resultados mais satisfatórios em relação ao soxhlet. Contudo, devido à alta complexidade de cada amostra faz-se necessário mais estudos que avaliem os efeitos das condições experimentais de cada método sobre o rendimento, composição química e a viabilidade, de modo a direcionar o processo mais eficaz para cada aplicação desses lipídeos.