DINÂMICA REPRODUTIVA DO Macrobrachium amazonicum (HELLER, 1862), NA BACIA DO RIO PERICUMÃ, AMAZÔNIA MARANHENSE, BRASIL

Abstract

A espécie de água doce Macrobachium amazonicum é uma das mais difundidas em corpos hídricos na região Neotropical, sendo considerada a espécie brasileira de camarão com maior potencial para aquicultura, além de ser uma das espécies mais exploradas por pescadores artesanais no Norte e no Nordeste do Brasil. Logo, o objetivo deste estudo foi avaliar a dinâmica reprodutiva do M. amazonicum capturado na bacia do rio Pericumã município de Pinheiro. As coletas ocorreram em três áreas: Comporta (A1), Parque Ambiental (A2) e Vitória dos Bragas (A3). Os indivíduos foram identificados, sexados, medidos o comprimento total e comprimento da carapaça (centimetros), e pesados (gramas). As fêmeas ovadas foram separadas para a extração e classificação dos ovos quanto ao estágio do dezemvolvimento embrionário. As frequências relativa e absoluta, fecundidade, razão sexual e tamanho de primeira maturação foram estimados neste estudo. Foram analisados 1.990 camarões nas áreas:A1 com 705 indivíduos, A2 com 782 indivíduos e A3 com 503 indivíduos. De forma geral, a amostra continha 939 indivíduos, tendo 592 fêmeas (499 não - ovígeras e 93 ovígeras), 347 machos adultos e 1.051 juvenis. As maiores frequências de indivíduos foram observadas nos meses de julho a outubro com destaque para novembro, onde obteve-se a maior coleta de indivíduos. A proporção sexual mensal encontrada foi significativamente diferente (p<0,05) da proporção esperada de 1:1, ocorrendo a predominância de fêmeas nos meses de janeiro (0,30M:1F), maio (0,58M:1F), agosto (0,71M:1F), setembro (0,77M:1F) e outubro (0,85M:1F) e, para os machos, uma maior proporção no mês de fevereiro (2M:1F). Foi constatada a ocorrência de fêmeas ovígeras em praticamente todos os meses estudados, com exceção dos meses de janeiro e dezembro. Observou-se que a temperatura superficial da água ao longo dos meses variou de 27,4 a 28,3 °C (amplitude 0,96 °C). As fêmeas apresentaram comprimento médio da carapaça (centímetros) de variou entre 0,87 ±0,05 a 2,5 ±0,14 cm (média/desvio padrão). Para o tamanho de primeira maturação identificou-se fêmeas distribuídas em classes de comprimento da carapaça-CC (0,4 a 2,7 cm), onde 50% das fêmeas estavam maturas a partir da classe de tamanho de 1,3 Ͱ 1,5 centímetros. A espécie M. amazonicum realiza os processos reprodutivos mais intensamente entres os meses de agosto a outubro. Além de o presente trabalho ser inédito para a bacia do rio Pericumã, foi ainda possível adaptar uma nova metodologia de estimativa de fecundidade. Os resultados apresentados irão subsidiar os gestores públicos na elaboração de medidas de manejo eficiente, haja vista que ainda não existem pescarias efetivas sobre os estoques da espécie na Amazônia Maranhense.