ALTERAÇÕES SISTÊMICAS EM CRIANÇAS COM SÍNDROME CONGÊNITA DO ZIKA VÍRUS NASCIDAS NO MARANHÃO E O IMPACTO NOS CUIDADOS ODONTOLÓGICOS

Abstract

Em meados de 2015, o Brasil vivenciou a epidemia ocasionada pelo Zika Vírus (ZV), caracterizada por uma infecção exantêmica, acompanhada de febre, prurido, cefaleia, artralgia e mialgia. Os crescentes casos de microcefalia e outras comorbidades em bebês e crianças pequenas no país, levaram as autoridades de saúde à uma investigação de uma possível relação entre o ZV e estas enfermidades. Trata-se da Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZV) designada como um conjunto de achados clínicos e malformações que causam comprometimento motor, cognitivo e de outras funções do organismo. Este estudo teve como objetivo resgatar e descrever as principais alterações sistêmicas de uma coorte de crianças com SCZV nascidas no estado do Maranhão, que possam interferir no atendimento odontológico. Desenvolvida entre 2016 e 2019 no Centro de Referência em Neurodesenvolvimento, Assistência e Reabilitação de Crianças (NINAR) – São Luís, Maranhão. Participaram um total de 108 crianças com SCZV. A coleta de dados foi comportada por questionários, entrevistas com as mães sobre as dificuldades encontradas com a rotina das crianças, exames com médicos especialistas na área e exame odontológico. O bruxismo de vigília (84,3%), quadros de convulsões e epilepsia (63%) e a microcefalia (34%) foram alterações bastante comuns entre estas crianças. As mães relataram que a rotina difícil, falta de uma rede de apoio e as alterações físicas e motoras fazem com que a higiene bucal seja feita de maneira insatisfatória, apresentando a maior suscetibilidade às doenças cárie e periodontais. Portanto, reforça-se a importância de conhecer as alterações sistêmicas em crianças com a SCZV visto que afetam diretamente os planejamentos, cuidados e atendimentos odontológicos.