Multiculturalismo Literário: uma análise de formação autoidentitária em grupos excluídos sociais pelo viés da semiótica

Abstract

RESUMO

A desigualdade social e racial no Brasil tem origem estrutural e sistêmica, tornando-se inquestionável e persistente devido a fragilidade de políticas públicas de enfrentamento. Levando em conta essa realidade desigual para com a população a margem da sociedade brasileira, grupos alvo de discriminação, faz-se necessário discutir meios para frear esse processo de continuar se perpetuando por gerações e passar a reconhecer o mundo como formado de diferentes sujeitos oriundos de contextos diversos: étnico-racial, de gênero e cultural. Procura-se compreender e repensar a literatura como um instrumento identitário tendo como base a sua capacidade de prover acesso ao ambiente socio-plural, mesmo com o silenciamento e a padronização presentes ao longo dos anos pela priorização de um cânone literário, pouco contemplativo de literaturas de origem afro-brasileira, africanas e indígenas, com personagens LGBTQIA+ e ainda, femininos. Para alcançar tal proposta se objetiva explicitar a capacidade da literatura multicultural como instrumento de identificação e pertencimento a parcela excluída, provando a leitura como apontadora da multiplicidade de pontos de vista pelo viés da semiótica discursiva de Greimas e evidenciar um possível caminho para tornar a sociedade mais inclusiva e tolerante com a realidade de outrem, ao reconhecer comportamentos, crenças e a forma como diferentes grupos entendem e explicam a condição humana, analisando entrevistas de pessoas pertencentes a essa parcela e suas experiências com a literatura e assim concluir que a literatura é um instrumento identitário capaz de proporcionar o fortalecimento da identidade de cada um dos sujeitos pelo contato com realidades similares as suas.