Análise socioeconômica e perfil do consumo de pescado em uma Comunidade Quilombola no Estado do Maranhão

Abstract

RESUMO

Quilombos de cultura africana são caracterizados por crenças e comportamentos específicos, além da sua alimentação com características próprias. Neste sentido, o objetivo dessa pesquisa foi avaliar o consumo de peixes e o perfil socioeconômico dos profissionais da pesca artesanal em uma comunidade quilombola em Brejo no estado do Maranhão. Além disso, objetivou-se compreender as práticas alimentares, caracterizar os recursos pesqueiros na alimentação dessas famílias, além de identificar as formas de criação de peixes na comunidade. Durante a pesquisa na comunidade quilombola Vila dos Criulis, pudemos identificar que das 100 pessoas entrevistadas, 40% são do sexo masculino e 60% sexo feminino. A idade variou entre 19 e 80 anos, sendo que a maior parcela dos entrevistados (50%) está na faixa etária compreendida entre 30 a 49 anos. A maioria dos entrevistados (62%) se declararam pretos, 31% pardas e 7% brancas. Com relação a sua origem, 60% afirmam ser nascidos e criados na comunidade e que moram no mesmo local desde os 3 anos de idade. 100% das pessoas entrevistadas afirmaram consumir carne de peixe diariamente sendo o mesmo originado da pesca artesanal ou comercializado no mercado da cidade. A época de maior consumo de peixe em suas residências ocorre na época das secas (estação seca), comparado a época das chuvas (inverno). As espécies mais consumidas na comunidade segundo os entrevistados são o tambaqui, tucunaré, surubim e a sambuda. A atividade pesqueira na comunidade apresenta características de subsistência familiar, onde o uso de embarcações de pequeno porte, associado a apetrechos de pesca confeccionados e mantidos de forma artesanal formam os caracteres sociais, econômicos e culturais da comunidade. Os recursos provenientes da pesca não são suficientes para suprir as necessidades básicas de forma geral, tendo os benefícios sociais e aposentadorias um fator importante na renda dessas famílias. Os pescadores relatam dificuldades variadas, mas estão cientes das mudanças pelas quais a pesca tem passado nos últimos anos, demonstrando interesse na continuidade desta atividade tradicional.