O SILÊNCIO FEMININO EM NIKETCHE – UMA HISTÓRIA DE POLIGAMIA, DE PAULINA CHIZIANE

Abstract

O objeto de estudo e temática geral abordado nesta pesquisa está relacionado com o silenciamento feminino mostrado no corpus Niketche: uma história de poligamia (2002), de Paulina Chiziane. Diante disso, guiamo-nos pela questão-problema: por que a mulher moçambicana é descrita como uma voz do silêncio em Niketche– uma história de poligamia? Para que esta investigação se concretizasse tivemos como objetivo geral analisar o silenciamento da voz feminina no romance Niketche: uma história de poligamia, além de, especificamente, identificar as marcas do silenciamento da voz feminina; demonstrar a associação entre o silenciamento feminino e os aspectos sociais e culturais moçambicanos; e, por último, discutir as imposições do processo cultural sobre o corpo negro feminino. A pesquisa em questão é de natureza básica. Quanto aos procedimentos técnicos, pesquisa bibliográfica. O referencial teórico, assim constituído, primeiramente, resgata a historiografia da literatura de Moçambique, dentro de uma perspectiva mais ampla e por alguns estudiosos de forma específica, quando se tratar da representação das vozes femininas no contexto moçambicano; segundo, diz respeito aos estudos da escrita feminina como uma reação ao patriarcado; terceiro, analisa o silenciamento feminino presente na obra em questão, dialogando com os entrelaçamentos socioculturais do silencio e da objetificação do corpo da mulher negra, em Francisco Noa (1999), Thomas Bonnici (1998); Jacqueline Kaczorowski (2016); Lisandro A. Tedeschi (2016); Paulina Chiziane (2021); Grada Kilomba (2020); e Gayatri Spivak (2010). Os resultados alcançados mostraram que o silenciamento feminino está condicionado a um valor cultural, não obstante, a protagonista consegue reivindicar seu próprio ser feminino enquanto mulher.