Agrotóxicos e seus Impactos na Saúde do Trabalhador Rural e Meio Ambiente da Comunidade Quilombola Ipiranga, Capinzal do Norte -MA

Abstract

O uso de agrotóxicos por pequenos agricultores rurais tem gerado diversos problemas de saúde pública e ambiental. A falta de conhecimentos técnicos, uso inadequado sobre a utilização dessas substâncias são fatores que levam a maiores números de casos de intoxicação de trabalhadores rurais. Neste contexto, este trabalho objetivou diagnosticar o uso de agrotóxicos pelos agricultores familiares da comunidade Quilombola "Ipiranga" e os impactos à saúde do agricultor familiar e ao meio ambiente. Utilizou-se a pesquisa Qualitativa e como instrumento de pesquisa para a obtenção das informações usou-se o Questionário, bem como visitas in loco às propriedades rurais dos entrevistados. Foram aplicados 02 (dois) questionários semiabertos com 15 agricultores e agricultoras familiares, sendo um questionário relacionado ao uso de agrotóxicos na propriedade rural, e outro questionário sobre os impactos do uso dos agrotóxicos à saúde do agricultor(a) e ao meio ambiente. A pesquisa mostrou que 100% do público entrevistado utiliza agrotóxicos na propriedade rural e 53,3% fazem uso a mais de 10 anos, onde o principal agrotóxico utilizado é o herbicida para a limpeza da área e na manutenção da lavoura, em substituição a capina manual. A maioria dos entrevistados (80%) não sabem identificar um agrotóxico falsificado, o que os deixam muito vulneráveis, pois 60% dos agricultores informaram que realizam a compra de agrotóxicos em comércios locais (que também comercializam alimentos, bebidas, materiais de limpeza e etc.) e apenas 20% compram em Casas Agropecuárias. A má utilização ou até mesmo a não utilização dos EPIs pode estar relacionada a maioria dos casos de intoxicações de agricultores por agrotóxicos, e apenas 25% dos entrevistados afirmaram buscar atendimento médico quanto a ocorrência de sintomas após o uso, como: dor de cabeça, ardor nos olhos, tontura. Os agricultores familiares entrevistados possuem algum conhecimento dos efeitos nocivos dos agrotóxicos ao homem e ao meio ambiente, todavia, são pessoas que em sua maioria tem pouca escolarização e não recebem nenhuma assistência técnica quanto a forma correta de utilização dos agrotóxicos, o que evidencia os riscos que estes agricultores e seus familiares estão submetidos constantemente. É urgente a necessidade de acompanhamento técnico e formação dos agricultores familiares sobre o uso e manejo adequado dos agrotóxicos ou mesmo a substituição gradativa dessas substâncias com a implementação de práticas sustentáveis e agroecológicas para a agricultura familiar.