A fava na culinária maranhense e suas relações com a resistência e a resiliência culturais

Abstract

A fava ou feijão-fava (Phaseolus lunatus L.) é um alimento muito utilizado na alimentação humana e animal no Brasil, especialmente, na região Nordeste. É produzida em pequenas propriedades e em sistema de agricultura familiar. É um alimento de fácil cultivo, sendo produzido com fins lucrativos em algumas áreas rurais do município da cidade de Codó. Em maior escala e para a comercialização, é trazida do Ceará para ser comercializada no Km 17 para os feirantes codoenses que a revendem no Mercado Municipal de Codó para os clientes que adquirem o produto para preparem em suas casas, mas também para as cozinheiras dos restaurantes do Mercado para prepararem as receitas com as favas. Esse estudo identifica as características patrimoniais dos modos de fazer a fava e seus saberes tradicionais que remontam os saberes indígenas, associados aos modos de preparo europeus e africanos. A leguminosa é de origem americana e suas técnicas de preparo e produção referem-se às práticas dos povos originários. Em Codó / MA, a fava foi incorporada às tradições alimentares cotidianas. Essa pesquisa discute o conceito de patrimônio cultural imaterial e alimentar e como os saberes associados à fava se enquadram nessa modalidade identitária. Discute ainda o processo de incorporação da fava na alimentação codoense nós séculos XX e XXI, com a identificação dos processos de produção, distribuição, aquisição, comercialização e preparo da fava. As fontes utilizadas foram as revistas, jornais, artigos e a pesquisa de campo entre as cozinheiras que cozinham os pratos e os feirantes que vendem a leguminosa. Foi identificada a importância da fava na culinária local codoense como uma comida identitária, mas também um alimento rico em nutrientes e que proporciona a sobrevivência da população de baixa renda.